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domingo, 23 de dezembro de 2012

Livro de Ivaldo Bertazzo ensina exercícios corporais que estimulam o cérebro

Deixe as palavras cruzadas e os jogos de memorização para depois. O programa para manter o cérebro ativo proposto pelo coreógrafo e bailarino Ivaldo Bertazzo inclui pular em cama elástica, massagear os dedos do pé, escovar a pele e respirar.

Sim, é atividade física que faz bem para a cabeça, mas nada a ver com os aeróbicos da vida ou a puxação de peso das academias.

Imagens no fim da página 


O método Bertazzo é para aquelas pessoas que buscam algo além do condicionamento físico tradicional.

O trabalho corporal aqui explora o alinhamento das articulações, o gesto, a expressão individual.

Ensinada na Escola do Movimento, em São Paulo, a metodologia desenvolvida pelo coreógrafo está sendo compilada em livros. 


CÉREBRO ATIVO

O primeiro livro da trilogia, "Corpo Vivo", foi lançado em 2010. Agora, acaba de sair o segundo volume, "Cérebro Ativo" (Edições Sesc/Manole, 272 págs., R$ 180).

Falar nessa relação entre cabeça e corpo é pensar na tão difundida quanto mal compreendida expressão "consciência corporal".

O termo ainda era restrito ao papo de grupos alternativos quando Bertazzo criou sua escola e passou a mostrar a diferença entre o gesto voluntário, "consciente", e o movimento automatizado.

Sua técnica de reeducação do movimento influenciou a maioria dos trabalhos corporais desenvolvidos no Brasil.

Foi nos anos 1970 que ele começou a trabalhar com a educação do corpo tanto para cidadãos comuns quanto para profissionais como dançarinos ou terapeutas.

Sua ideia agora, com os livros, é difundir o conhecimento adquirido em viagens de pesquisa, espetáculos e em mais de 30 anos de aulas.

"A linguagem do livro é muito singela. Se eu falar de certos funcionamentos do corpo para sua tia, ela vai me olhar com cara de paisagem. De que forma devo falar para que ela fique intrigada e se interesse?", diz Bertazzo.

Usar "cérebro" no título de uma obra que traz sequências detalhadas de exercícios para ensinar a pessoa a manter-se ereta, respirar melhor ou equilibrar uma bandeja já é uma forma de ser intrigante.

O que une pensamento e movimento é a organização motora, explica Bertazzo. E o que mantém a cabeça ativa é o estado de prontidão para organizar
articulações e músculos em cada atividade. "Todo movimento voluntariamente executado vai recrutar áreas cerebrais", afirma o professor.

Uma das funções mais importantes da ginástica, segundo ele, é acordar os órgãos proprioceptores.

"Esses órgãos são como sensores localizados nos músculos, tendões e ligamentos. Eles informam o cérebro sobre a posição do corpo."

Os exercícios ensinados no livro mandam novas informações para o cérebro, que, além de criar mais conexões nervosas, também vai acumular um maior repertório neuromotor para a execução de movimentos.

"Se eu armazeno essas experiências motoras, tenho mais ferramentas para driblar pelo menos uma parte das limitações que podem surgir ao longo da vida, seja no processo de envelhecimento ou num acidente bobo como torcer o pé", afirma.

Para tornar o processo mais eficaz, Bertazzo ensina o que fazer antes e depois de cada exercício.

"É como fazer um bolo. Organize os ingredientes. A preparação, quando você recruta articulações e músculos, desencadeia atos mentais e processos conscientes."

Ele também recomenda uma atenção especial à finalização do movimento. "É importante aprender a desacelerar a força desencadeada por cada ação."

GESTOS HÁBEIS

Mas nunca se trata, aqui, de usar muita força ou velocidade. Bertazzo defende a inclusão de exercícios de psicomotricidade fina (aquela que é usada, por exemplo, para escrever) em qualquer programa de atividade física.

"Com gestos hábeis e milimetricamente ajustáveis, você usa muitíssimos neurônios. Mas muita gente elimina isso da ginástica. Toda aula deveria ter pelo menos dez minutos de trabalho psicomotor fino."

Se as academias não oferecem, ele sugere a inclusão desse trabalho no dia a dia.

Por exemplo, cozinhando um prato especial (com salsinha bem picada) ou aprendendo algum novo trabalho manual: bordar, fazer crochê.

"Isso é muito importante em fases difíceis da vida, como em uma separação ou mudança de emprego. Nesses momentos, o aprendizado motor torna a pessoa hábil, inteligente. Imediatamente vem a sensação de solidez e ela fica mais confiante."

SONS
Bertazzo também insiste na importância de soltar a voz na realização dos exercícios.


"Não é para gritar e mostrar que você é um animal maravilhoso. Mas expirar forte é emitir sons. E a maioria das pessoas mal expira quando faz ginástica", afirma.

O que mais causa lesão, diz ele, é deixar o corpo e a cabeça funcionando no automático. "Muitas pessoas agem como se bastasse falar para o corpo 'vai' para ele obedecer e executar ações necessárias. Aí que elas se estropiam."

Quando a cabeça funciona, o corpo não padece. E vice-versa.




Suba em uma cama elástica mantendo a postura ereta. Os bastões (podem ser cabos de vassoura) ajudam a organizar a coluna e a encaixar os ombros. Segurando os bastões, faça pequenos movimentos com os pés para cima e para baixo, como se estivesse pulando.













Levante um dos pés, dobrando o joelho para o lado, como na foto à direita. A rotação da coxa ajuda a retardar a descalcificação do colo do fêmur e o apoio em um só pé aciona áreas cerebrais ligadas ao equilíbrio.













Apoie o pé esquerdo sobre um banco. Pressione o pé direito contra o chão, girando a coxa direita para fora e "abrindo" a virilha. Erga o braço direito, mantendo-o arredondado














Leve a perna esquerda à frente, como se estivesse dando um passo, e apoie o pé esquerdo no chão. Em seguida, apoie a canela direita no banco. Gire a coxa esquerda fora, distribuindo o peso do corpo igualmente nas duas pernas. O exercício gera reações no sistema neuromotor semelhantes às geradas em uma caminhada.











Por: Sávio Bastos


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Tetraplégica controla mão-robô com a mente


Usando apenas seus pensamentos, uma mulher tetraplégica conseguiu controlar um braço-robô com aquela que é considerada a prótese de mão mais avançada já desenvolvida e testada.

Segundo os pesquisadores da Universidade de Pittsburgh, nos EUA, o dispositivo permite um "grau de controle e liberdade de movimentos" que nunca havia sido atingido com esse tipo de prótese. Eles dizem que o aparelho tem amplitude e variedade de movimentos similares aos de uma mão natural.

Próteses semelhantes também tiveram sucesso

O braço-robô foi testado por uma voluntária de 52 anos, que há 13 foi diagnosticada com degeneração espinocerebelar, que a fez perder os movimentos do pescoço para baixo.

Os cientistas fizeram uma cirurgia para a implantação de eletrodos conectados ao córtex motor, área ligada aos movimentos, da paciente. Depois de duas semanas, eles começaram uma espécie de fase de treinamento de estimulação para que ela pudesse operar a prótese.

 

O braço mecânico ficou próximo à cadeira de rodas da paciente. Mas, a rigor, ele poderia também estar fisicamente distante.

O treinamento durou 13 semanas, mas a voluntária já foi capaz de executar livremente movimentos em três dimensões já no segundo dia de testes com o braço-robô. Na décima terceira semana, ela já conseguia fazer tarefas bem mais complexas, como empilhar objetos.

"O grande diferencial desse trabalho é a variedade e a complexidade dos movimentos alcançados pela voluntária", avalia Daniel Rubio, fisiatra e diretor clínico da Rede de Reabilitação Lucy Montoro, unidade Morumbi.

"A mão humana tem muitas complexidades. Conseguir afinar todas essas capacidades com os impulsos elétricos é o grande desafio".

Andrew Schwartz, professor da Universidade de Pittsburgh e autor principal do trabalho, publicado hoje na revista especializada "Lancet", destacou sua metodologia.

"A maioria das próteses controladas pela mente atingiram seus objetivos usando um algoritmo que envolve o trabalho de uma 'biblioteca' complexa de conexões entre o computador e o cérebro. No entanto, nós tentamos uma abordagem completamente diferente", explica.

"Usamos um algoritmo de computador baseado em um modelo que mimetiza de maneira muito próxima o jeito como um cérebro intacto controla o movimento do membro. O resultado é uma prótese de mão que pode ser movida de forma bem mais acurada e natural do que em esforços anteriores", conclui.

O tratamento ainda está em fase experimental, mas os cientistas já pensam na próxima etapa: eles querem que a prótese tenha alguma resposta sensorial, como ao calor ou ao frio. 


Fonte: http://migre.me/cqs1h

Por: Sávio Bastos

domingo, 16 de dezembro de 2012

Calor, estresse e posição do corpo podem causar inchaço; veja dicas


Gravidez, sal, alergias e obesidade também podem fazer o corpo inchar.
Bem Estar desta quinta-feira (13) deu dicas para evitar e tratar o problema.


O inchaço pode aparecer por causa de diversos fatores, entre eles, o calor, o estresse e a posição em que a pessoa está.

Ficar parado do mesmo jeito, seja em pé ou sentado, por muito tempo prejudica a anatomia das veias, dificultando o retorno venoso, o que pode fazer o corpo inchar. Já o calor faz as veias dilatarem e não conseguirem circular o sangue, enquanto o estresse aumenta o nível do hormônio responsável pela retenção de líquido.

Além desses fatores, a gravidez, o consumo de sal, alergias a picadas de inseto e excesso de peso também contribuem para deixar o corpo inchado, como explicaram o ginecologista José Bento e o nefrologista Décio Mion no Bem Estar desta quinta-feira (13).



Para saber se o inchaço é relevante ou não, é só apertar a região do corpo com o dedo e ver se o "buraco" volta rápido ou demora. Dependendo da intensidade do edema, pode demorar a voltar ao estado normal da pele e pode ser sinal de algo mais grave.

Segundo o nefrologista Décio Mion, o inchaço pode ser também sintoma de algumas doenças, no coração, rim ou fígado. Por isso é importante identificar e encaminhar o problema a um médico, que fará o diagnóstico e indicará o tratamento adequado.

O risco é maior ainda para mulheres, como explicou o ginecologista José Bento, e também pessoas com mais de 40 anos, sedentários e que têm a genética de veias fracas. Nesses casos, é importante adotar alguns hábitos que favorecem a circulação do corpo e previnem que algumas regiões inchem.

Exercícios como caminhadas leves por 30 minutos todos os dias já ajudam, assim como se movimentar, pelo menos, a cada 2 horas para evitar que o corpo fique parado na mesma posição. O alongamento é extremamente importante também, principalmente na região da panturrilha. Nessa parte do corpo, podem ser utilizadas as meias de compressão.

Além disso, o travesseiro para os pés e o calço na cama também são soluções para deixa os membros mais altos, o que favorece a circulação e, após a noite de sono, faz a pessoa acordar com os pés  e pernas menos inchados, como explicou o nefrologista Décio Mion. Outra dica, principalmente no calor, é diminuir a ingestão de sal ou substituí-lo pelo sal light.


Fonte: http://migre.me/cpy3X

Por: Sávio Bastos

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Propriocepção ajuda prevenir lesões em corredores

A técnica da propriocepção consiste em trabalhar a função neuromotora do atleta por meio do desequilíbrio articular, estimulando a musculatura a se adaptar ao estresse

A propriocepção é um método de exercício fisioterapêutico muito utilizado na recuperação de corredores que sofreram algum tipo de lesão nos membros inferiores - como é mais comum na prática. A técnica consiste em trabalhar a função neuromotora do atleta por meio do desequilíbrio articular, estimulando a musculatura a se adaptar ao estresse. Fisioterapeuta da equipe Branca Esportes e diretor-técnico da clínica Prime Fisioterapia Especializada, ambas de São Paulo, Evaldo Bosio diz que de alguns anos para cá a propriocepção também tem sido utilizada como forma de prevenção, minimizando os riscos ou mesmo a gravidade de lesões.

"Há dois ou três anos os exercícios de propriocepção só eram realizados para recuperação de atletas lesionados, porém hoje é mais comum sua utilização como forma de prevenção. As grandes assessorias já fazem esse tipo de trabalho. Ele ajuda, por exemplo, a impedir que um atleta perca um período longo de preparação por conta de uma lesão que poderia ter sido evitada ou amenizada com a propriocepção", comenta Bosio.

No caso dos corredores, diz o fisioterapeuta, o trabalho é mais focado nas articulações dos tornozelos e joelhos. O treino proprioceptivo, também conhecido como neuromotor, estimula o desequilíbrio da articulação utilizando acessórios que simulam uma superfície instável para apoio do atleta, como cama elástica, colchonete ou caixa de areia. "Essa superfície instável gera uma instabilidade na articulação, o que faz com que a musculatura tente se equilibrar. Como consequência, esse estresse irá otimizar a resposta do sistema nervoso central", explica.

Dessa forma, salienta Bosio, o atleta estará mais bem preparado para situações como quando pisa de modo errado ou em um buraco, pedra ou outro objeto que comprometa sua estabilidade durante a corrida. "A propriocepção treina a musculatura para prevenir ou minimizar a entorse, pois o tornozelo se adapta à situação de estresse", argumenta Bosio, dizendo que o mesmo acontece em relação à articulação do joelho. "Em suma, o método consiste em treinar a instabilidade da articulação para conseguir estabilidade".

O fisioterapeuta ressalta que o treino de propriocepção deve ser orientado por um profissional, que irá fazer um estudo de biomecânica e avaliar como se porta o joelho e o tornozelo do atleta durante a corrida. Como prevenção, é normalmente realizado de duas a três vezes por semana no início. Depois se faz a manutenção uma vez por semana, que o atleta pode realizar em uma academia ou parque. Para um melhor resultado, acrescenta Bosio, o ideal é realizar exercícios de propriocepção junto ao trabalho de fortalecimento muscular.



Por: Sávio Bastos

sábado, 8 de dezembro de 2012

Condromalácia patelar estabilizada pelo Pilates


O PILATES age de forma fantástica no alinhamento patelar, bem como na estabilização do quadro da condromalácia.



A Condromalácia patelar consiste em uma patologia degenerativa da cartilagem patelar e dos côndilos femorais correspondentes. Trata-se de uma espécie de amolecimento desta cartilagem pelo atrito incorreto contra os côndilos do fêmur. Ocorre um desconforto e dor ao redor ou atrás da patela. Já o termo mais genérico, síndrome da dor patelo-femural, se refere aos estágios iniciais dessa condição, na qual os sintomas ainda podem ser completamente revertidos.

A dor (algumas vezes ardência) é descrita como profunda e localizada na região retropatelar. O sintoma mais comum é a dor atrás da patela, especialmente nas subidas ou durante longos percursos com pedaladas lentas. Pode ser sentida, por exemplo, ao subir e descer escadas, em atividades prolongadas, após ficar muito tempo com os joelhos flexionados e ao agachar-se. Ainda, é possível que ocorra crepitação e estalos, muitas vezes audíveis, além de edema e derrame intra-articular, ocasionados pelo acúmulo excessivo de líquido sinovial formado no processo inflamatório.

Algumas pessoas têm predisposição a apresentar a lesão devido ao desalinhamento da patela, ao invés da patela percorrer o “trilho” formado pelos côndilos do fêmur na flexão e extensão, ela tende a deslocar-se para as laterais, aumentando o atrito entre os dois ossos. A posição da patela de forma mais alta que o normal também são fatores predisponentes. As mulheres costumam ser mais susceptíveis a tal lesão pois, em geral, possuem o quadril mais largo. Ocorre prioritariamente em atividades como balé, corridas, ciclismo, voleibol, etc.

Acredita-se que a causa seja relacionada a fatores anatômicos, histológicos e fisiológicos que podem resultar em um enfraquecimento e amolecimento da cartilagem envolvida. Assim como as alterações de alinhamento da patela, que excursiona fora do local adequado, ocasionando atrito entre sua superfície articular e a superfície articular do fêmur, desse modo provocando “desgaste”. Tais alterações de alinhamento muitas vezes estão relacionadas à desequilíbrios da musculatura do quadríceps como atrofias, hipotrofias e encurtamentos musculares; variações anatômicas tanto do fêmur como da patela.
 
Um fator muito comum são os relacionados aos microtraumatismos de repetição, traumas crônicos por fricção entre a patela e o sulco patelar do fêmur, bastante comuns em esportes de impacto (futebol, vôlei, ciclismo, tênis, corrida, basquete, …) por força excessiva na região ou choques. Deve ainda ser citada a chamada causa idiopática, quando não são identificadas alterações anatômicas que justifiquem o desenvolvimento da doença. As alterações do ângulo Q do joelho – tendão do quadríceps femoral, ligamento patelar – conduz a um desvio patelar lateral pelo resultante dos vetores de força da espinha ilíaca ântero-superior e do terço superior da tíbia. Uma diminuição desse ângulo resultará em um desvio medial patelar, além de intensificar a compressão patelo-femoral. O Entorse de tornozelo por inversão também pode estar relacionado. Devido aos movimentos de flexâo-plantar, supinaçâo e adução se dá uma anteriorização do tálus e da tíbia, resultando em uma anteriorização da fíbula e então em uma tensão do bíceps femoral. Assim, ocorre um estiramento reflexo no músculo quadríceps femoral, aumentando o atrito fêmur-patelar.

A condromalácia patelar pode ser classificada de acordo com o grau de deterioração, segundo Outerbridge (1961):

GRAU I: amolecimento da cartilagem e edemas
GRAU II: fragmentação e fissura da cartilagem em uma área menor ou igual à aproximadamente 1,5 cm
GRAU III: fragmentação e fissura da cartilagem em uma área maior ou igual à aproximadamente 1,5 cm
GRAU IV: erosão ou perda da cartilagem articular com exposição do osso subcondral

Não há um protocolo rígido de tratamento. É importante analisar o grau da lesão adquirida e se direcionar às causas, sempre tentando reequilibrar o alinhamento da patela, inicialmente através de tratamento fisioterápico, podendo associar a métodos analgésicos e antiinflamatórios. A perda de peso, em determinados casos, pode ser recomendada para diminuir o estresse sobre a articulação patelofemural. Em casos graves muitas vezes é necessário tratamento cirúrgico, em que procedimentos combinados para tratamento do alinhamento patelar e tratamento da lesão da cartilagem podem ser realizados por via “aberta”, artroscópica (vídeo) ou mesmo combinada.

O PILATES age de forma fantástica no alinhamento patelar, bem como na estabilização do quadro da condromalácia. Já que um dos grandes alicerces do método é o fortalecimento e estabilização dos músculos centrais do corpo aliada às técnicas que potencializam a respiração e seus benefícios, atingindo assim, o objetivo do aluno através do equilíbrio muscular. Para tal, é preciso avaliar o nivel de força e flexibilidade dos grupos musculares do indivíduo, para que se dê início à prescrição do programa de exercícios. No caso da condromalácia patelar são inclusos exercícios de potência, força, alongamento e mobilização do membro inferior, sempre com o cuidado de evitar sobrecarga na articulação em questão. No geral, é importante o alongamento dos ísquiotibiais, o qual seu encurtamento implica em um agravamento no atrito da patela com o fêmur, no momento da marcha. Uma atenção especial ao quadríceps, sobretudo o vasto medial e banda iliotibial, tendões e panturrilha também são extremamente necessárias para equilibrar as forças atuantes sobre a patela.



Por: Sávio Bastos

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Fisioterapia Neurofuncional é forte aliada no tratamento da Esclerose Múltipla

Realizada de forma eficaz por poucos, portadores de doenças degenerativas podem ter melhorada sua qualidade de vida




Quem sofre de Esclerose Múltipla (EM) sabe bem dos desafios enfrentados para se ter uma vida normal. Apesar de tantos estudos, os médicos ainda não descobriram a causa da doença, o que impossibilita que se chegue também à sua cura. A dor, a perda de memória, as dificuldades motoras, na fala e até distúrbios visuais estão entre os principais sintomas dessa doença degenerativa, que ataca a parte neurológica corporal. A boa notícia é que somando-se  a terapia medicamentosa e outras intervenções e/ou tratamentos destinados a atenuar estes e outros danos devido ao avanço da EM, a fisioterapia neurológica ou neurofuncional, tem sido grande aliada na melhora da qualidade de vida do portador da doença.

O foco dessa terapia é minimizar as deficiências advindas das doenças que acometem o sistema nervoso, por isso ela vem apresentando ótimos resultados em pacientes com seqüelas de doenças neurológicas. “Esse tipo de fisioterapia ajuda a preservar, manter, desenvolver ou restaurar a integridade de órgãos, sistema ou função do corpo atacados pela doença”, explica a fisioterapeuta, Fabiana Granza. “Além disso, atua na prevenção e/ou reabilitação do paciente, promovendo melhora na sua qualidade de vida”. Mas, ela alerta: “quanto mais cedo é feito o diagnóstico e dado início ao tratamento, maiores as chances de reabilitação.”    

E graças ao diagnóstico realizado há cerca de 8 anos e o tratamento adequado, que a atriz e humorista, Cláudia Rodrigues, voltou rapidamente aos palcos e à TV, após ter sido acometida por mais um surto da doença, mais comum em mulheres jovens.


Os primeiros sintomas da doença apareceram quando seu Antônio ainda era jovem. Todavia, ele não imaginava que aquele “simples” arrastar de perna na hora de andar pudesse ser um problema grave. A desatenção somada à demora para descobrir a doença agravou seu quadro de saúde. Hoje, 11 anos após o diagnóstico ele está em cadeira de rodas, com o lado esquerdo totalmente paralisado e com o direito começando a ser comprometido. “Não estou pior porque há um ano faço fisioterapia [neurológica] três vezes por semana, o que me ajuda e muito a manter os músculos em atividade para não atrofiarem mais rápido”, diz ele.

Em se tratando de fisioterapia, seu Antônio diz que depois de ter passado por diversos profissionais, pode constatar que talvez as clínicas estejam preparadas para fins fisio-ortopédicos (destinadas ao tratamento de distúrbios do sistema musculoesquelético) e não para enfermidades neurológicas como a dele. “Com isso, passei também nas mãos de profissionais que quase me mataram fazendo exercícios que me levavam à fadiga muscular, além de me colocarem em aparelhos que em hipótese alguma eu poderia utilizar, pois eram inapropriados para pacientes com Esclerose Múltipla”, finaliza.

Segundo a fisioterapeuta Fabiana Granza: “No caso de pacientes com enfermidades degenerativas é importante estabelecer a duração e a intensidade do exercício a ser proposto, bem como, o período de descanso, para evitar que ocasione a fadiga, a qual diminui o desempenho do paciente”.


Reabilitação

Também de acordo com a fisioterapeuta, a reabilitação por meio da fisioterapia neurofuncional não irá eliminar o dano neurológico, mas, irá atuar no tratamento de sintomas específicos favorecendo a funcionalidade e facilitando assim as atividades diárias da pessoa. De acordo com ela, para elaborar um tratamento fisioterapêutico adequado ao paciente é necessário conhecer as possíveis manifestações desencadeadas pelo processo da doença. “Os objetivos variam de um paciente para outro, estando de acordo com os sintomas específicos apresentados e ao estágio no qual se encontra a doença.”


Doenças degenerativas

No Brasil a Esclerose Múltipla (EM) acomete em média 35 mil brasileiros, em especial mulheres entre 20 e 40 anos. Porém, essa e outras doenças ligadas ao Sistema Nervoso Central, como Mal de Parkinson e o Mal de Alzheimer, têm aparecido com mais freqüência na rotina das pessoas no mundo todo. Acredita-se que isso se deve ao aumento da longevidade, aos maus hábitos e estilo de vida da população.

 

Manifestações clínicas da EM

·      Dormências, espamos e tremores;
·      Comprometimento da memória;
·      Depressão;
·      Disartria (dificuldade de articular as palavras de maneira correta);
·      Paresia (Paralisia total ou parcial de uma parte do corpo);
·      Nistagmo (oscilações repetidas e involuntárias rítmicas de um ou ambos os olhos);
·      Ataxia (falta de coordenação dos movimentos);
·      Distúrbios vesicais e intestinais (alteração no controle da bexiga e intestino);
·      Fadiga intensa;
·      Distúrbios visuais e até perda da visão em um ou ambos os olhos;
·      Estaticidade.



Por: Sávio Bastos

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Atividade física de lazer aumenta a expectativa de vida em até sete anos


Estudo feito em Harvard mostrou que caminhar no parque, passear de bicicleta e praticar algum esporte amador contribuem com a longevidade independentemente do peso de uma pessoa.




Praticar alguma atividade física nos momentos de lazer, como caminhar ou pedalar no parque, aumenta a expectativa de vida independentemente da inten
sidade do exercício ou do peso do indivíduo, concluíram pesquisadores da Universidade de Harvard e do Instituto Nacional de Saúde (NIH, sigla em inglês) dos Estados Unidos. Em uma nova pesquisa, eles mostraram que unir momentos de folga a exercícios físicos pode acrescentar até sete anos na longevidade de uma pessoa.

Embora uma grande quantidade de pesquisas científicas já tenham comprovado os vários de benefícios da prática de atividade física, inclusive em relação à redução do risco de mortes prematuras, nenhum estudo havia estabelecido quantos anos cada tipo de exercício feito nos momentos de lazer pode acrescentar à vida de uma pessoa, tanto em relação aos indivíduos de peso normal quanto aos obesos. Foi o que fizeram os pesquisadores americanos. Os resultados desse trabalho foram divulgados nesta terça-feira na revista PLoS Medicine.

Os autores levantaram dados de seis estudos diferentes sobre atividades de lazer que, ao todo, envolveram mais de 650.000 participantes de 21 a 90 anos, sendo a maioria acima dos 40 anos de idade. São consideradas atividades físicas de lazer aqueles exercícios cuja prática não é obrigatória e nem tem data e horário certo para acontecer. São atividades como esportes amadores, caminhadas ou corridas ao ar livre e um passeio de bicicleta, por exemplo.

Caminhada rápida De acordo com I-Min Lee, epidemiologista do Hospital Brighan and Women da Universidade de Harvard e coordenadora do estudo, o nível mínimo de atividade física que é necessário para aumentar a longevidade é o acréscimo de 75 minutos de caminhada rápida (ou outra atividade moderada) por semana. Essa atividade, em comparação com não praticar nenhuma atividade, acrescenta 1,8 ano na expectativa de vida de uma pessoa acima dos 40 anos de idade, segundo a pesquisa. Os resultados ainda mostraram que esse mesmo exercício, se realizado 150 minutos por semana, que são os níveis recomendados pelas autoridades de saúde, eleva em 3,4 anos a longevidade de uma pessoa. Se praticado durante 450 minutos semanais, esse aumento chega a 4,5 anos.

“Essa associação foi encontrada entre homens e mulheres e tanto entre indivíduos de peso normal quanto entre aqueles com sobrepeso ou obesidade”, disse Lee. No entanto, quando os pesquisadores compararam indivíduos com obesidade severa (índice de massa corporal maior do que 35) que eram sedentários a pessoas de peso normal que cumpriam 150 minutos de caminhada rápida por semana, o aumento da expectativa de vida foi de 7,2 anos. A obesidade, portanto, foi relacionada a um menor aumento da expectativa de vida — o que não significa que os exercícios físicos não aumentem a longevidade de pessoas acima do peso.

"Nossos resultados destacam a importante contribuição que as atividades de lazer têm, especialmente entre adultos", diz Steven Moore, um dos autores do estudo. "O exercício físico regular prolongou a vida de todas as pessoas que foram examinadas em nosso estudo, independentemente do peso.” 


Fonte: http://migre.me/c6oly


Por: Dayana Dewing

domingo, 25 de novembro de 2012

Saiba mais sobre entorse de tornozelo durante a atividade física

    Conheça os graus, exames e tratamento dessa lesão 



 
A entorse é todo movimento abrupto (com maior ou menor energia de trauma), que provoca estiramento e/ou ruptura de ligamentos de uma articulação. Essa é uma das lesões musculoesqueléticas mais encontradas na população ativa, normalmente envolvendo os ligamentos laterais do tornozelo. Ocorre com maior frequência nos atletas de corrida, futebol, basquete e vôlei, correspondendo a cerca de 10% a 15% de todas as lesões esportivas.
 
Incidência

No Reino Unido, ela acontece em uma a cada 10.000 pessoas da população geral, o que determina cerca de 5.000 lesões por dia. O mecanismo de lesão habitual é o de virar o pé para dentro com flexão do tornozelo para baixo, numa intensidade além do normal, que acontece geralmente ao pisar em terreno irregular ou degrau, ou ainda quando o atleta é desequilibrado no momento de uma aterrissagem após um salto.
 
Graus

Didaticamente a classificação de entorse de tornozelo é baseada no exame clínico da área afetada, e divide-se em três tipos:

- Grau 1 - estiramento ligamentar simples
- Grau 2 - lesão ligamentar parcial
- Grau 3 - lesão ligamentar total

O quadro clínico encontrado é de dor, com edema localizado na parte anterior e lateral do tornozelo, hematoma mais evidente após 48 horas e dificuldade para andar. Quanto mais grave a lesão, mais evidentes ficam os sinais.
 
Exames

Quanto aos exames complementares devemos iniciar com as radiografias simples do tornozelo e outros exames, como tomografia e ressonância magnética, quando necessário - nas suspeitas de lesões extensas dos ligamentos e/ou fraturas como também na suspeita de lesões de osso e cartilagem.
 
Tratamento

O tratamento deste tipo de lesão deve ser instituído imediatamente e vai depender do grau e extensão das lesões. Nas entorses leves o tratamento é sintomático, com restrição de movimentos com imobilização removível por curto período de tempo. Nas entorses mais graves, o paciente deverá permanecer com movimentos restritos por mais tempo (14 dias ou mais), iniciando tratamento fisioterápico, que será muito importante para completa reabilitação e prevenção de instabilidades.

O atleta deve também evitar esportes com impacto, como a corrida, de quatro a seis semanas. Esportes aquáticos leves, alongamentos e fortalecimento sem o envolvimento do tornozelo estão liberados. Nos casos de fraturas o tempo de imobilização é de seis a oito semanas (a depender da fratura) ou cirurgia.

Nas equipes profissionais de futebol de basquete e vôlei, por exemplo, existe um trabalho preventivo para este tipo de lesão. Isso reduz sua incidência - que, mesmo assim, continua alta - evitando prejuízo para as equipes em momentos importantes dos campeonatos disputados.



Por: Sávio Bastos

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Hidroterapia ajuda pacientes na recuperação de cirurgia no quadril

Corridas e saltos podem ser realizados imersos na água, contando com o auxílio do efeito de flutuação, que quase anula o da força da gravidade 

 



Artroplastia é a substituição de uma articulação por uma prótese de metal (titânio,cerâmica etc) motivada por etapa final de um processo de artrose. Abordaremos aqui a artroplastia do quadril – cabeça do fêmur de cerâmica, haste no corpo do fêmur e parte interna do acetábulo em titânio. Quando a articulação fica desgastada, ocorrendo atrito de osso com osso, não existe mais cartilagem para amortecer o impacto e a dor torna-se intensa - é hora de se pensar em trocar a articulação.

Nosso ídolo Pelé relatou uma pontada muito forte no quadril direito, durante uma partida de futebol em 1962, e saiu carregado na maca. Foi operado com 72 anos, cinquenta anos depois deste episodio. Foi um alerta naquela época, mas como ele sempre teve a musculatura forte para proteger a articulação do quadril e parou de jogar numa idade adequada, conseguiu postergar a cirurgia por muito tempo.

As próteses, hoje em dia, duram muito tempo, de 25 a 30 anos, mas é necessário cuidar bem delas evitando impacto como corridas, saltos e atividades de grande impacto. Todas as demais atividades são permitidas. Corridas e saltos são possíveis de serem realizados imersos na água até a altura das axilas, aproximadamente, ou superior (“deep water”), ou seja, contando com o auxílio do efeito de flutuação, que quase anula o da força da gravidade.

A recuperação pós-cirurgia é realizada inicialmente no solo, em casa, com o fisioterapeuta, após um mês. A reabilitação na água geralmente pode ser iniciada a partir de meados ou final do segundo mês, dependendo da recuperação cirúrgica e outras condições do paciente.

As propriedades físicas da água proporcionam um imenso potencial para a recuperação: a flutuação facilita a mobilidade e os movimentos fluem com menos dor. A pressão hidrostática ajuda na diminuição do edema. Desta maneira, pode-se trabalhar com pouca ação da gravidade, pouco peso sobre as articulações, aumentando gradativamente a carga. Após dois a três meses pode-se começar a nadar como exercício aeróbico mais intenso e ao mesmo tempo caminhar já sem muletas, aumentando o ritmo progressivamente.

A artroplastia do quadril é uma cirurgia invasiva, de grande porte, dolorosa, mas de recuperação fácil e relativamente rápida. A hora de operar vai depender do grau da dor, do desconforto, do uso abusivo de anti-inflamatórios, da limitação de movimentos e consequentemente das restrições da sua vida diária, esportiva, social e laboral. Como a vida útil da prótese aumentou, hoje em dia muitos operam com 50, 60 e mais anos de idade. Às vezes, numa idade mais precoce, dependendo da ocorrência de doenças paralelas: má circulação, hereditariedade, uso excessivo da articulação, doenças auto imunes que levam à necrose ou à artrose precoce.

O fortalecimento muscular para proteger as articulações e o alongamento muscular para manter a mobilidade articular são importantes. Deve-se alternar esportes de grande impacto, como corrida, futebol, vôlei, basquete, com atividades na água como corrida, natação, hidroginástica, que permitem uma gama de movimentos do corpo com menor carga e consequentemente menos impacto. À medida que a idade avança, devemos incluir atividades aquáticas no cardápio de exercícios físicos.


Fonte: http://migre.me/c2m82

Por: Sávio Bastos

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Processo de Cicatrização



A cicatrização de uma ferida consiste em uma perfeita e coordenada cascata de eventos celulares e moleculares que interagem para que ocorra a repavimentação e a reconstituição do tecido.

Como desencadeante da cicatrização, ocorre a perda tecidual, que pode atingir a derme completa ou incompletamente, ou mesmo atingir todo o órgão.

A cicatrização depende de vários fatores locais e gerais, como: localização anatômica, tipo de pele, raça, idade, etc.

Diferentes classificações didáticas são utilizadas para facilitar o entendimento de um processo totalmente dinâmico e com fases tão interdependentes como a cicatrização. Aqui dividiremos o processo em 5 principais fases:

1 – Coagulação: inicia-se imediatamente após o surgimento da ferida. Depende da atividade plaquetária e da cascata de coagulação. Ocorre uma complexa liberação de produtos. Substâncias vasoativas, proteínas adesivas, fatores de crescimento e proteases são liberadas e ditam o desencadeamento de outras fases. A formação do coágulo serve não apenas para coaptar as bordas da ferida, mas também para cruzar a fibronectina, oferecendo uma matriz provisória, em que os fibroblastos, células endoteliais e queratinócitos possam ingressar na ferida.

2 – Inflamação: depende, além de inúmeros mediadores químicos, das células inflamatórias, como os leucócitos polimorfonucleares (PMN), os macrófagos e os linfócitos. Os PMN chegam no momento da injúria e são responsáveis pela fagocitose das bactérias. O macrófago é a célula inflamatória mais importante nessa fase. Fagocita bactérias, desbrida corpos estranhos e direciona o desenvolvimento do tecido de granulação. Os linfócitos não têm papel bem definido porém sabe-se que, com suas linfocinas, têm importante influência sobre os macrófagos. Além das células inflamatórias e dos mediadores químicos, esta fase conta com o importante papel da fibronectina. Sintetizada por uma variedade de células como fibroblastos, queratinócitos e células endoteliais, ela adere, simultaneamente à fibrina, ao colágeno e a outros tipos de células, funcionando assim como “cola” para consolidar o coágulo de fibrina, e as células e os componentes de matriz. Além de formar essa base para a matriz extracelular, tem propriedades quimiotáticas e promove a opsonização e a fagocitose de corpos estranhos e bactérias.

3 – Proliferação: dividida em 3 sub-fases, é responsável pelo “fechamento” da lesão.

3.1 – Reepitelização: Faz-se a migração dos queratinócitos não danificados das bordas da ferida e dos anexos epiteliais. Fatores de crescimento são os prováveis responsáveis pelo aumento das mitoses e hiperplasia do epitélio. Sabe-se que o plano de movimento dos queratinócitos migrantes é determinado também pelo conteúdo de água no leito da ferida.

3.2 – Fibroplasia e formação da matriz: extremamente importante na formação do tecido de granulação, que é uma coleção de elementos celulares , incluindo fibroblastos, células inflamatórias e componentes neovasculares e da matriz, como a fibronectina, as glicosaminoglicanas e o colágeno. A formação do tecido de granulação depende do fibroblasto, que longe de ser apenas produtor de colágeno, produz também elastina, fibronectina, glicosaminoglicanase e proteases, estas últimas responsáveis pelo desbridamento e remodelamento fisiológico.

3.3 – Angiogênese: essencial para o suprimento de oxigênio e nutrientes para a cicatrização.

4 – Contração da ferida: é o movimento centrípeto das bordas.

5 – Remodelamento: ocorre no colágeno e na matriz. Dura meses e é responsável pelo aumento da força de tensão e pela diminuição do tamanho da cicatriz e do eritema. Reformulação nas fibras de colágeno, melhoria nos seus componenetes e reabsorção de água são eventos que permitem uma conexão que aumenta a força da cicatriz e diminui sua espessura. A neovasculatura diminui, e tardiamente a cicatriz é considerada avascular. Uma cicatriz normal tem aproximadamente 80% da força de tensão da pelo normal, não é volumosa e é plana.


Fonte: http://migre.me/bZFrc

Por: Sávio Bastos

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Doença de Parkinson


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O QUE É A DOENÇA

A doença de Parkinson é uma afecção do sistema nervoso central que acomete principalmente o sistema motor. É uma das condições neurológicas mais freqüentes e sua causa permanece desconhecida. As estatísticas disponíveis revelam que a prevalência da doença de Parkinson na população é de 150 a 200 casos por 100.000 habitantes e a cada ano surgem 20 novos casos por 100.000 habitantes. Os sintomas motores mais comuns são: tremor, rigidez muscular, acinesia e alterações posturais. Entretanto, manifestações não motoras também podem ocorrer, tais como: comprometimento da memória, depressão, alterações do sono e distúrbios do sistema nervoso autônomo.

A doença de Parkinson é uma condição crônica. A evolução dos sintomas é usualmente lenta mas é variável em cada caso. A doença de Parkinson é a forma mais freqüente de parkinsonismo. O termo parkinsonismo refere-se a um grupo de doenças que podem ter várias causas e que apresentam em comum os sintomas descritos acima em combinações variáveis, associados ou não a outras manifestações neurológicas. A doença de Parkinson é também chamada de parkinsonismo primário porque é uma doença para a qual nenhuma causa conhecida foi identificada. Por outro lado, diz-se que um parkinsonismo é secundário naqueles casos em que uma causa pode ser identificada. Cerca de 75% de todas as formas de parkinsonismo correspondem à forma primária.

SINTOMAS INICIAS

Os primeiros sintomas da doença de Parkinson têm início de modo quase imperceptível o que faz com que o próprio paciente não consiga identificar o início preciso das primeiras manifestações. Muitas vezes, amigos ou familiares são os primeiros a notar as primeiras mudanças. O primeiro sinal pode ser um ou mais dos seguintes:
·         sensação de cansaço ou mal-estar no fim do dia
·         caligrafia menos legível ou com tamanho diminuído
·         fala monótona e menos articulada
·         depressão ou isolamento sem motivo aparente
·         lapsos de memória, dificuldade de concentração e irritabilidade
·         dores musculares, principalmente na região lombar
·         um dos braços ou uma perna movimenta-se menos do que a do outro lado
·         a expressão facial perde a espontaneidade
·         diminuição da freqüência dos pisos movimentos tornam-se mais vagarosos, a pessoa permanece por mais tempo em uma mesma posiçãocamentos

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: SINTOMAS MOTORES

TREMOR


É o sintoma mais freqüente e o que mais chama a atenção embora não seja o mais incapacitante. Para a maioria dos pacientes, o tremor é o principal motivo que os leva a procurar, pela primeira vez, ajuda médica. O tremor apresenta-se de forma característica: é rítmico, relativamente lento quando comparado com outros tipos de tremor (4 a 7 ciclos por segundo) e ocorre principalmente quando o membro está em repouso. Quando o paciente movimenta um membro, o tremor ali presente cessa de imediato para retornar logo após o fim do movimento. No início da doença, o tremor ocorre em um lado e assim permanece por períodos variáveis de tempo. Após algum tempo, o outro lado também é acometido podendo aparecer na cabeça, mandíbula, lábio, queixo e nos membros inferiores. Situações de estresse emocional ou a sensação de ser observado aumentam visivelmente a intensidade do tremor. Por outro lado, durante estado de relaxamento ou durante o sono, o tremor desaparece por completo.

RIGIDEZ

A rigidez muscular decorre do aumento da resistência que os músculos oferecem quando um segmento do corpo é deslocado passivamente. Em outras palavras: para cada grupo de músculos existem outros que possuem atividade oposta, chamados músculos antagonistas. Dessa forma, quando um músculo é ativado para realizar determinado movimento, em condições normais seu antagonista é inibido para facilitar esse movimento. Na doença de Parkinson, essa inibição não é feita de modo eficaz pois alguns comandos originados do cérebro chegam aos músculos de modo alterado. Como conseqüência, os músculos tornam-se mais tensos e contraídos e o paciente sente-se rígido e com pouca mobilidade. Quando determinado membro é deslocado passivamente pelo examinador, pode-se sentir, superpostos à rigidez, curtos períodos de liberação rítmicos e intermitentes, fenômeno que recebe o nome de sinal da roda denteada.

ACINESIA E BRADICINESIA

O termo acinesia refere-se à redução da quantidade de movimento enquanto que bradicinesia significa lentidão na execução do movimento. O paciente apresenta redução da movimentação espontânea em todas as esferas. A mímica facial torna-se menos expressiva, transmitindo com menor intensidade sentimentos e emoções que, por sua vez, mantém-se preservados. A caligrafia torna-se menos legível e de tamanho reduzido, fenômeno conhecido por micrografia. As atividades diárias, antes realizadas com rapidez e desembaraço, são agora realizadas com vagar e à custa de muito esforço. O paciente anda com passos mais lentos e pode apresentar alguma dificuldade para equilibrar-se. A postura geral do paciente modifica-se: existe predominância dos músculos flexores de modo que a cabeça permanece fletida sobre o tronco, este sobre o abdômen e os membros superiores são mantidos ligeiramente à frente com os antebraços fletidos na altura do cotovelo.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: SINTOMAS NÃO MOTORES

Além dos sintomas motores, muitas outras manifestações podem ocorrer e podem ser tratadas com medicação apropriada. A intensidade desses sintomas é variável em cada caso e podem ou não aparecer em determinado paciente. Entretanto, em alguns casos, constituem motivo de grande desconforto e não devem ser deixados de lado pois sua resolução muitas vezes é possível com medidas médicas adequadas. Alguns desses sintomas serão descritos a seguir.

DEPRESSÃO

Sintomas depressivos ocorrem em 40-50% dos pacientes parkinsonianos. Embora considerada como reativa a uma condição que limita a atividade normal, pacientes com doença de Parkinson costumam ter depressão mais freqüentemente se comparados a pacientes portadores de outras doenças ainda mais incapacitantes. Além disso, em número considerável de casos, a depressão inicia-se antes mesmo do aparecimento dos sintomas clássicos, em um momento em que não há qualquer evidência de incapacidade.

Em alguns pacientes, a depressão pode se acompanhar de ansiedade e, mais raramente, de episódios de agitação. A intensidade dos sintomas depressivos pode variar desde quadros leves até aqueles mais graves em que a depressão torna-se o sintoma mais importante e um dos fatores determinantes de incapacidade. Nesses casos, o tratamento específico com medicamentos antidepressivos é fundamental para o controle dos sintomas.

Alterações emocionais também são comuns. Pacientes podem sentir-se inseguros e temerosos quando submetidos a alguma situação nova. Podem evitar sair ou viajar e muitos tendem a retrair-se e evitar contatos sociais. Alguns perdem a motivação e tornam-se excessivamente dependentes dos familiares.

DISTÚRBIOS DO SONO

Constituem um dos problemas mais comuns. Compreendem uma ampla gama de sintomas que incluem: dificuldade em conciliar o sono, freqüentes despertares durante a noite, sonhos "reais" (em que o paciente tem dificuldade em distinguir o sonho da realidade) e pesadelos. Uma das observações mais comuns é a inversão do ciclo vigília-sono em que o paciente "troca o dia pela noite". Esse fenômeno ocorre lentamente como resultado de uma combinação de fatores (que incluem freqüentes cochilos durante o dia e dificuldade progressiva para dormir à noite) que se auto-perpetuam e culminam em importante inversão do ciclo. Outras vezes, ocorrem movimentos bruscos (pequenos pulos ou movimentos rápidos com os membros) chamados mioclonias que podem ser normais quando ocorrem raramente. Na doença de Parkinson, essa mioclonias podem ser mais freqüentes e intensas e acordar o cônjuge e mesmo o próprio paciente.

O tratamento dos vários distúrbios do sono vai depender de uma série de fatores como idade, tipo específico de sintoma e o quadro clínico do paciente. Medicamentos indutores do sono ou antidepressivos (lembre-se de que a depressão é uma das causas de insônia) podem ser usados. A levodopa, ao mesmo tempo em que pode melhorar a qualidade do sono, por proporcionar maior mobilidade, pode ser um dos fatores na produção de mioclonias e sonhos "reais".

DISTÚRBIOS COGNITIVOS


A maior parte dos pacientes com doença de Parkinson não apresenta declínio intelectual. Isso significa que a capacidade de raciocínio, percepção e julgamento encontram-se intactas. Entretanto, alguns pacientes relatam dificuldades com a memória (geralmente na forma de "brancos" momentâneos), cálculos e em atividades que requerem orientação espacial. Tais alterações podem ocorrer em qualquer estágio da doença mas tendem a ser mais intensas nas fases mais adiantadas e nos pacientes mais idosos. Por outro lado, demência franca pode ocorrer em cerca de 20% dos pacientes mas, quando ocorre no início da doença, deve-se levar em conta a possibilidade de outros diagnósticos que não a doença de Parkinson.

Muitas vezes, a própria medicação antiparkinsoniana pode contribuir para a produção de alterações mentais. Por exemplo, os anticolinérgicos (grupo de drogas ainda largamente usado principalmente contra o tremor) podem resultar em distúrbios de memória e, em casos mais graves, confusão mental e alucinações. Esses sintomas ocorrem mais freqüentemente em pacientes mais idosos que, em geral, não devem fazer uso desse tipo de medicação. A própria levodopa, bem como os agonistas da dopamina e a amantadina também podem, em alguns casos, desencadear reações semelhantes. Felizmente, todos esses sintomas desaparecem quando o medicamente é suspenso ou as doses são reduzidas.

DISTÚRBIOS DA FALA

A doença de Parkinson, em virtude da localização predominantemente subcortical do processo degenerativo, não produz alterações da linguagem no que diz respeito aos mecanismos de expressão e compreensão da palavra falada e/ou escrita. Dessa forma, as afasias não fazem parte do rol de sintomas que podem acometer o parkinsoniano. Além disso, alguns pacientes podem não apresentar qualquer alteração da fala, seja em relação ao volume de emissão da voz ou à entonação e melodia do fraseado.

Em outros, entretanto, a fala pode estar afetada de modo característico. Tais alterações podem ocorrer no início da doença mas raramente constituem o primeiro sintoma. A primeira manifestação é percebida geralmente por amigos ou familiares que referem dificuldade na compreensão da palavra falada, principalmente ao telefone. A voz torna-se mais fraca, o volume de voz diminui e pode haver certa rouquidão.
Dificuldade na articulação constitui sintoma freqüente em todas as fases da doença, mas pode ser bastante incapacitante nas fases mais avançadas, ou naqueles pacientes nos quais a voz é mais exigida como professores e atores, por exemplo.
Outra característica marcante é o que se denomina fala monótona: as frases são emitidas de modo constante, pausado, com a perda da entonação e cadência naturais que conferem à fala sua musicalidade e capacidade de expressão emocional.
Alguns pacientes tendem a acelerar o ritmo da fala de modo a encurtar o tempo de emissão de uma frase, embaralhando as palavras e dificultando sua compreensão. A essa alteração do ritmo pode-se associar a palilalia, que consiste na repetição de uma sílaba ou palavra uma ou várias vezes, no meio ou no fim de uma frase. Outros pacientes, por sua vez, apresentam significativa redução da velocidade da fala.

Embora a medicação antiparkinsoniana possa reverter algumas dessas dificuldades, a terapia de voz resulta em evidente benefício e deve ser estimulada.

SIALORRÉIA

Ao contrário do que antes se imaginava, o acúmulo de saliva na boca não decorre de aumento de produção de saliva (embora em alguns pacientes isso possa ocorrer) mas de maior dificuldade em degluti-la. Em condições normais, engole-se saliva automaticamente à medida que vai sendo produzida. Na doença de Parkinson, esse comportamento motor automático (assim como vários outros) deixa de ser realizado, o que leva a acúmulo de saliva, que pode escorrer pelo canto da boca. Medicações anticolinérgicas (que inibem a acetilcolina) costumam ser benéficas nesses casos.

DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS

Dificuldade para respirar ou falta de ar após pequenos esforços podem ser sinais de comprometimento cardíaco ou pulmonar. Entretanto, esses mesmos sintomas podem ocorrer como resultado de rigidez e/ou acinesia dos músculos da parede torácica que dificultam a expansão dos pulmões. Nesses casos, um ajuste da medicação antiparkinsoniana deve melhorar o problema.

Por outro lado, a própria levodopa pode causar movimentos anormais nos músculos respiratórios e causar desconforto semelhante, geralmente acompanhado de ruídos respiratórios. Esses sintomas são controlados com pequenas reduções nas doses de levodopa.

DIFICULDADES URINÁRIAS

Podem ocorrer disfunções urinárias como resultado da própria doença ou pela ação de alguns medicamentos. A parede da bexiga pode tornar-se rígida e sua contrações são mais lentas. Medicamentos anticolinérgicos podem precipitar dificuldades urinárias ou agravar disfunções preexistentes.

Podem aparecer de várias formas: urgência urinária (necessidade imperiosa de urinar, muitas vezes sem tempo de chegar ao banheiro), freqüência aumentada de micções, esvaziamento incompleto da bexiga ou dificuldade em iniciar a micção. Patologias locais próprias de idade mais avançada, tais como, aumento da próstata no sexo masculino e flacidez dos músculos pélvicos no sexo feminino, podem contribuir para agravar esses sintomas.

TONTURA E QUEDA DE PRESSÃO ARTERIAL

Sensação de cabeça vazia ou de tonturas vagas, geralmente associada a escurecimento visual quando o paciente se levanta podem ser sinais de queda de pressão arterial dependente da postura (a que se dá o nome de hipotensão ortostática ou hipotensão postural). Existem várias causas para o seu aparecimento e as principais são:
·         efeito de medicamentos (levodopa, agonistas da dopamina, alguns antidepressivos, tranqüilizantes, antihipertensivos, diuréticos
·         desidratação (principalmente em pacientes mais idosos), diabetes e estados de desnutrição
·         doença cardíaca associada
  • ação da própria doença de Parkinson
O tratamento da hipotensão postural vai depender da(s) causa(s) específica(s) que for(em) diagnosticada(s). Se houver suspeita de que algum determinado medicamento possa ser a causa, sua dose deve ser reduzida ou o medicamento suspenso. A suplementação de sal na dieta e o uso de medicamentos específicos para evitar quedas importantes da pressão costumam dar bons resultados.

DORES E OUTRAS SENSAÇÕES ANORMAIS

A doença de Parkinson é uma afecção essencialmente motora. Entretanto, é comum o aparecimento de dores musculares em várias regiões do corpo. As áreas mais afetadas são os ombros, braços, membros inferiores e região lombar. Muitas vezes o sintoma que mais incomoda é uma sensação de fadiga muscular que piora em determinadas posições. A explicação mais comum leva em conta a ação do tremor e da rigidez que resultam em aumento da atividade muscular. Por outro lado, essas sensações dolorosas podem ocorrer mesmo quando os sintomas motores são mínimos - o que sugere a existência de outros mecanismos envolvidos. Em alguns casos, sensações dolorosas podem se manifestar meses antes do aparecimento dos primeiros sintomas.

Uma das formas mais conhecidas de sintomas dolorosos na doença de Parkinson são as câimbras. Câimbras nos pés ocorrem geralmente pela manhã (câimbras matinais) ou durante a noite - o que pode acordar o paciente. Câimbras nos pés podem também aparecer durante o caminhar e dificultar a marcha pois os músculos da panturrilha e dos pés entram em espasmo e curvam o pé em arco, com os artelhos em garra. Em alguns pacientes, câimbras nos pés durante o caminhar podem constituir os primeiros sintomas da doença. Mais raro é o aparecimento de câimbras em uma ou ambas as mãos, principalmente durante a realização de movimentos finos.

Alguns pacientes relatam dores musculares na região do ombro e do pescoço, ou mesmo dores de cabeça, relacionadas à rigidez da musculatura cervical. Mais comum é a queixa de dor lombar em pacientes que apresentam alterações posturais com flexão do tronco para a frente. São dores geralmente relacionadas à posição, uma vez que melhoram quando o paciente procura assumir postura mais ereta e tendem a piorar enquanto sentado.

Além das dores musculares, outras sensações desagradáveis podem ocorrer. Sensações de frio em uma ou mais extremidades podem ser muito incômodas. Acometem geralmente os pés ou as mãos mas podem ser internas - geralmente associadas ao trato gastrintestinal. Mais comum é a sensação de calor ou queimação em uma ou mais extremidades ou mesmo referidas como sendo no esôfago ou estômago. As sensações térmicas anormais são variáveis em um mesmo paciente e podem desaparecer por longos períodos de tempo. Geralmente são mais intensas nos períodos em que os sintomas motores também estão piores.

Os mecanismos envolvidos na produção de dor e sensações térmicas anormais em pacientes parkinsonianos não são totalmente conhecidos. De modo geral não há necessidade de medicação analgésica. Quando relacionadas a flutuações motoras, podem responder ao ajuste da medicação antiparkinsoniana. Dores musculares relacionadas a alterações da postura melhoram com fisioterapia e reeducação postural. Câimbras matinais nos pés podem ser controladas com o uso de levodopa de liberação lenta ou com injeções locais de toxina botulínica.

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO

Embora, até o presente, não exista cura para a doença de Parkinson, estão disponíveis alguns medicamentos capazes de melhorar significativamente a maioria dos sintomas. A escolha do medicamento vai depender das condições de cada paciente: idade, sintomas predominantes e estágio da doença são alguns dos fatores que o médico deve levar em conta na hora de planejar o tratamento. Os principais medicamentos são os seguintes:

LEVODOPA

A levodopa é a droga mais eficaz para o alívio dos sintomas parkinsonianos, mas nem sempre ela deve ser administrada no início da doença. Nessa fase, a maioria dos especialistas prefere iniciar o tratamento com medicamentos menos potentes e reservar a levodopa para as fases mais avançadas. A levodopa é um aminoácido cujo nome químico é 3,4- dihidroxi-fenilalanina. É uma substância precursora da dopamina, pois quando sofre a ação da enzima dopa-descarboxilase dá origem à dopamina. Portanto, a administração de levodopa aumenta os níveis de dopamina no cérebro.

A levodopa é rapidamente absorvida na porção proximal do intestino delgado. Alguns fatores como a redução da motilidade do estômago e a ingestão de alimentos ricos em proteínas, próxima do horário da tomada da medicação, podem retardar ou mesmo reduzir a absorção da levodopa. Parte da levodopa é metabolizada em dopamina antes de conseguir atingir o cérebro. A enzima responsável por essa transformação é a dopa-descarboxilase. Por esse motivo, a levodopa é sempre administrada em conjunto com uma substância que inibe a dopa-descarboxilase. Os medicamentos à base de levodopa disponíveis no mercado já vêm associados a um inibidor da dopa-descarboxilase. Existem dois inibidores utilizados clinicamente: carbidopa e benserazida.

Em geral, após 20 a 30 minutos da tomada da medicação, o efeito antiparkinsoniano começa a aparecer. Alguns fatores, como a dieta, podem retardar o início do efeito terapêutico. A duração do efeito de cada dose também é variável e depende, entre outros fatores, do estágio da doença. Nas fases iniciais, quando ainda existem células cerebrais capazes de funcionar como "depósitos", e armazenar a dopamina produzida pela levodopa, cada dose pode ser eficaz durante mais de 6 horas de modo que duas a três tomadas por dia podem ser suficientes para o controle dos sintomas.

Nos primeiros 4-5 anos de tratamento com levodopa, os sintomas podem ser bem controlados com relativa facilidade. Após esse período, muitos pacientes começam a experimentar complicações do tratamento. À medida que a doença progride, e mais células cerebrais degeneram, o cérebro perde a capacidade de armazenamento de dopamina e a duração do efeito torna-se progressivamente menor. Observa-se então o fenômeno de "deterioração do fim da dose", em que os sintomas voltam a aparecer antes da próxima tomada da medicação. Quando isso ocorre, o médico geralmente reduz o intervalo entre as doses de modo a adequar o paciente a essa nova situação. O tempo de benefício vai sendo encurtado progressivamente ao longo do tempo, ocasião em que outras drogas devem ser utilizadas para potencializar a ação da levodopa.

Outra complicação da levodopaterapia é representada pelo aparecimento de discinesias, que são movimentos involuntários anormais de natureza contínua, em forma de dança, que podem acometer os membros, tronco ou face e lembram os movimentos da coréia.

Distúrbios psiquiátricos na forma de alucinações podem ocorrer, principalmente quando doses mais altas são utilizadas. As alucinações são quase sempre visuais, como por exemplo a percepção visual de pessoas estranhas, ou de pessoas já falecidas dentro de casa. São também comuns os delírios, que são idéias ou crenças falsas e sem qualquer embasamento lógico que são interpretadas como verdadeiras.

Náuseas e vômitos podem ocorrer no início do tratamento. Podem ser evitados com o uso de doses pequenas no início e com aumento gradual. Outras vezes, o uso de um antiemético pode ser necessário.

AGONISTAS DA DOPAMINA

São substâncias que têm ação semelhante à dopamina. Diferem da levodopa por não necessitarem de transformação enzimática para serem ativas. São medicações bastante úteis tanto nas fases iniciais em monoterapia (tratamento com um só medicamento), como também nas fases mais avançadas em associação com a levodopa. O efeito farmacológico dos agonistas tem como base sua ação nos chamados receptores da dopamina. Esses receptores, localizados nas células do estriado, são diretamente influenciados pela dopamina que normalmente é produzida na substância negra. Quando ativados por um agonista, esses receptores respondem de maneira semelhante de modo que a função motora pode ser restabelecida a partir desse modo alternativo de estimulação. Uma das grandes vantagens dos agonistas é o maior tempo de duração do efeito de cada dose. Sua utilização nas fases iniciais pode protejer o cérebro contra algumas complicações tardias do tratamento com levodopa ou retardar seu aparecimento.
Os principais agonista utlilizados são o pramipexol, ropinirol, apomorfina e rotigotina. A única substância disponível atualmente no Brasil é o pramipexol.

INIBIDORES DA MAO-B

A enzima monoamino-oxidase-B (MAO-B) ocorre principalmente no cérebro e age na transformação da dopamina em seu metabólito, o ácido homovanílico. É portanto, uma das enzimas responsáveis pela remoção natural da dopamina após ter sido utilizada pelo seu receptor. Drogas inibidoras da MAO-B, como a selegilina, atuam reduzindo a velocidade de remoção da dopamina, aumentando seu tempo de vida útil e elevando os níveis de dopamina. O efeito sintomático obtido com a selegilina é discreto mas muitas vezes suficiente para o controle dos sintomas iniciais da doença. Quando administrado em conjunto com a levodopa, pode potencializar sua eficácia, aumentando a duração do efeito antiparkinsoniano. Deve ser administrada na primeira parte do dia em uma ou duas tomadas. Quando administradas à noite, podem causar insônia.

Durante alguns anos, levou-se seriamente em consideração que a selegilina poderia agir como agente neuroprotetor, prevenindo ou ao menos retardando a progressão da doença. Essa idéia surgiu do conhecimento de que o metabolismo da dopamina produzia radicais livres. Como conseqüência, a redução desse metabolismo induzida pela selegilina poderia contribuir para menor produção desses radicais livres. Entretanto, estudos detalhados envolvendo centenas de pacientes durante quase uma década não conseguiram provar essa hipótese.

INIBIDORES DA COMT

Outra enzima importante no metabolismo da dopamina é a catecol-O-metil-transferase (COMT). Ocorre tanto no cérebro quanto fora dele e é responsável, junto com a MAO-B, pela remoção de dopamina. Entretanto, essa enzima atua também sofre a levodopa, transformando-a em 3-O-metildopa, uma substância sem efeito terapêutico. Dessa forma, parte da levodopa é perdida pois somente a porção restante vai entrar no cérebro e ser transformada em dopamina. Medicamentos que inibem a COMT, como a tolcapona e a entacapona são utilizados para aumentar a eficácia da levodopa nas fases em que ocorrem oscilações importantes do efeito terapêutico. Existem algumas diferenças entre as duas drogas disponíveis. Enquanto que a tolcapona atua tanto fora como dentro do cérebro, a entacapona atua apenas fora do cérebro. Tal diferença não implicaria, por si só, na determinação da eficácia de cada uma dessas drogas, uma vez que o passo realmente importante a ser inibido situa-se fora do cérebro. Entretanto, as observações até o presente sugerem eficácia ligeiramente menor da entacapona.

Por outro lado, o relato de raras complicações hepáticas, após o uso de tolcapona tornou seu uso menos disseminado e reservado apenas a situações específicas. Outros efeitos colaterais dessa classe de medicamentos relacionam-se ao aumento da atividade da dopamina (aumento de discinesias, alucinações e queda da pressão arterial) de modo que seu uso deve ser sempre acompanhado de redução da dose de levodopa.
Diarréia tem sido observada em pequena porcentagem de pacientes que utilizam esses medicamentos e obriga, quase sempre, a sua retirada.

AMANTADINA

Originalmente uma droga antiviral, teve sua ação antiparkinsoniana descoberta por acaso. Apresenta ação apenas moderada e tem sido ainda hoje bastante utilizada nas fases iniciais da doença. Seu perfil farmacológico é curioso, tendo sido considerada durante muitos anos apenas como tendo leve ação anticolinérgica e dopaminérgica. Atualmente, sabe-se que a amantadina atua também como antagonista de receptores excitatórios. Tais receptores existem normalmente em várias regiões do cérebro e respondem a determinados neurotransmissores excitatórios como o glutamato. Em determinadas situações, essa transmissão excitatória torna-se exagerada, podendo levar a dano celular em um processo denominado excitotoxicidade. O uso da amantadina ampliou-se nos últimos anos como adjuvante nos casos de flutuações motoras importantes e há quem defenda a possibilidade de que possa atuar como droga neuroprotetora.

Efeitos colaterais da amantadina incluem alterações vasculares periféricas na forma de manchas cutâneas nas pernas (livedo reticular), inchaço nas pernas, secura da boca, obstipação intestinal, confusão mental e alucinações.

ANTICOLINÉRGICOS

São substâncias que inibem a ação da acetilcolina. Foram os primeiros medicamentos utilizados no tratamento da doença de Parkinson. Drogas anticolinérgicas atuam como antiparkinsonianas ao restabelecer o equilíbrio entre acetilcolina e dopamina que ocorre na doença de Parkinson. Têm ação apenas moderada e agem principalmente contra o tremor. Nem sempre são drogas bem toleradas, principalmente em pacientes idosos. Entretanto, pode ser uma boa opção em pacientes jovens, nos quais se deseja adiar a introdução da levodopa e quando o tremor é o sintoma predominante.

As drogas disponíveis em nosso meio, o biperideno e a trihexifenidila são equivalentes e podem ser toleradas de modo diverso em cada paciente.

Os efeitos colaterais podem ser periféricos e centrais. Os periféricos incluem boca seca, borramento visual, obstipação intestinal e dificuldade para iniciar a micção. Os efeitos centrais são mais freqüentes nos idosos e incluem: sonolência, perda de memória, confusão e alucinações.



Por: Sávio Bastos