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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Entendendo um pouco do reumatismo

 

Afinal de contas, o que é reumatismo e o que a fisioterapia tem haver com isso?


Reumatismo é o nome popular dado às doenças reumáticas, que são compostas por mais de cem doenças distintas que acometem o sistema músculo-esquelético, ou seja, ossos, articulações (“juntas”), cartilagens, músculos, fáscias, tendões e ligamentos. Além disso, essas doenças também podem comprometer diversos órgãos do corpo humano, como os rins, o coração, os pulmões e o intestino, assim como a pele.

As doenças reumáticas mais conhecidas são: osteoartrose, artrite reumatóide, osteoporose, gota, lúpus, febre reumática, fibromialgia, tendinite, bursite e diversas patologias que acometem a coluna vertebral.

Reumatismo não é uma “doença de velho”, pois pode ocorrer em qualquer idade, acometendo jovens, crianças e, inclusive, recém-nascidos.

Segundo estatísticas, 15 milhões de brasileiros apresentam algum tipo de doença reumática, o que pode gerar, além do sofrimento pessoal, reflexos na vida sócio-econômica do país, uma vez que estas doenças enquadram-se entre as principais causas de incapacidade física e de afastamento temporário ou definitivo do trabalho.

Quem tem alguma doença reumática pode apresentar dor e calor nas articulações, edema (“inchaço”), rigidez matinal (dificuldade para movimentar as articulações ao acordar de manhã), fraqueza muscular e, conforme a patologia, lesões de pele, dor de cabeça, queda de cabelo, fadiga, emagrecimento e febre.

As doenças reumáticas não são contagiosas e podem ser causadas ou agravadas por fatores genéticos, traumatismos, trabalho intenso, obesidade, sedentarismo, estresse, ansiedade, depressão e alterações climáticas.

Essas doenças devem ser tratadas para que o paciente possa ter uma melhor qualidade de vida, sem dores, sem o agravamento das lesões e sem maiores disfunções e deformidades articulares, que, por vezes, podem ser definitivas.

O tratamento das doenças reumáticas consiste na administração de drogas analgésicas e antiinflamatórias, de injeções locais de corticosteróides (infiltrações), de medicamentos próprios para o controle da doença e fisioterapia.

No tratamento das doenças reumáticas, a fisioterapia proporciona ao paciente uma reeducação física e funcional através do alívio da dor e da rigidez articular, da recuperação dos movimentos, do reforço e do relaxamento muscular, da prevenção ou tratamento das deformidades e, quando o paciente já apresentar seqüelas definitivas, auxilia na reabilitação profissional, desenvolvendo ao máximo o potencial residual existente, adaptando este paciente às novas condições de vida.

Todos esses benefícios podem ser obtidos por um programa de fisioterapia elaborado especificamente para tratar o paciente como um todo, levando-se em conta não somente o que o paciente está apresentando, mas também tentando-se atuar nas causas dos sintomas.

Para o tratamento de pacientes que apresentam essas doenças, o fisioterapeuta dispõe de uma variedade de recursos como, por exemplo, gelo, ultra-som, correntes elétricas, laser, massagens, mobilizações articulares, trações, alongamentos, técnicas para relaxamento e reforço muscular, assim como exercícios específicos para cada paciente.

Os pacientes ainda podem se beneficiar com o tratamento em piscina térmica, que é conhecido como hidroterapia ou fisioterapia aquática, onde são realizadas todas essas técnicas de mobilizações articulares, relaxamento e reforço muscular, com a vantagem de se estar em um meio que possibilita o alívio imediato de dores, proporcionando uma enorme sensação de bem estar e prazer.

Todo o tratamento com fisioterapia deve ser baseado em uma abordagem global, atendendo e assistindo o sujeito integralmente, com o objetivo de propiciar uma reabilitação mais completa e abrangente, em âmbito físico, psíquico, social e emocional, melhorando, significativamente, a qualidade de vida desses pacientes.

Autor(a): Dra. Patricia Martins



Por: Sávio Bastos 

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Nova técnica evita amputações em diabéticos



Uma técnica experimental que utiliza a fototerapia para tratar pés diabéticos tem se mostrado eficaz para evitar amputações. 


 
Cerca de 90 pacientes já passaram pelo tratamento no Hospital de Ensino Anchieta, em São Bernardo do Campo. A iniciativa é resultado de um projeto do médico João Paulo Tardivo, autor da técnica, em parceria com a Faculdade de Medicina do ABC.

Tardivo, que já desenvolvia trabalhos com fototerapia, teve a ideia de aplicá-la em diabéticos ao atender pacientes que não tinham alternativa além da amputação. Por apresentar uma diminuição da sensibilidade dos pés por causa da neuropatia periférica, o diabético não sente dor e, portanto, não percebe quando o membro inferior sofre lesões. Além disso, a deficiência circulatória e a baixa imunidade associadas à doença fazem com que o ferimento não se cure naturalmente.

Dos 18 pacientes atendidos por Tardivo que já apresentavam osteomielite - quando a infecção atinge os ossos e existe a indicação de amputação - 17 puderam manter o membro. Nesses casos, o antibiótico não é eficaz, pois não chega às bactérias instaladas nos ossos.

No tratamento em teste, a luz tem o papel de provocar uma reação fotoquímica com o oxigênio presente nos micro-organismos, levando à produção de radicais livres, que destroem mesmo as bactéria resistentes.

Para chegar ao centro da infecção, Tardivo introduz um cabo de fibra ótica dentro da ferida. Para conduzir a luz ao interior das bactérias, é utilizada uma substância fotossensível: o azul de metileno.

Para começar a aplicar a técnica, o pesquisador submeteu à Faculdade de Medicina do ABC um projeto de criação do Centro de Tratamento do Pé Diabético no Hospital Anchieta. A proposta foi aceita pela faculdade. Ele já havia publicado um artigo na revista Photomedicine and Laser Surgery em 2009 sobre a experiência da utilização da fototerapia. Com o resultado positivo observado nos 90 pacientes já atendidos no centro, o objetivo é propor a exportação do método para o SUS.

Tardivo destaca a vantagem financeira da fototerapia em relação ao tratamento convencional. "É mais barato cuidar com esse método do que com cirurgia. Dessa forma, preserva-se a qualidade de vida e diminuem os custos."

Depois da instalação do centro, que ocupa uma sala do ambulatório, as enfermeiras começaram a se capacitar para aplicar a técnica. Hoje, pacientes com outras condições, como ferimento ortopédico ou úlcera por pressão, também começam a ser tratados com o princípio da fototerapia. "Quando o paciente diabético chega, muitas vezes já tem indicação para ser amputado porque já se investiram vários recursos. Veja a importância de se oferecer uma alternativa", ressalta.


Fonte:  http://migre.me/brrfs

Por: Sávio Bastos

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Atividade física na terceira idade pode prevenir encolhimento do cérebro




A atividade física regular na terceira idade pode ajudar a evitar o encolhimento do cérebro e outros sinais associados à demência, revela um novo estudo.

A pesquisa foi feita pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, e analisou dados de 638 pessoas com 70 anos que foram submetidas a exames cerebrais.

Os resultados mostraram que aqueles que eram fisicamente mais ativos tiveram menor retração do cérebro do que os que não se exercitavam.

Por outro lado, os que realizavam atividades de estimulação mental e intelectual, como fazer palavras cruzadas, ler um livro ou socializar com os amigos, não tiveram efeitos benéficos em relação ao tamanho do cérebro, constatou o estudo, publicado na revista Neurology.

DETERIORAÇÃO

A ciência já provou que a estrutura e funcionamento do cérebro se deterioram com o passar dos anos.

Também são inúmeros os registros na literatura médica de que o cérebro tende a encolher com o envelhecimento.

Tal encolhimento está ligado a uma perda de memória e das capacidades cerebrais, dizem as pesquisas.

Os estudos têm mostrado que as atividades sociais, físicas e mentais podem contribuir para a prevenção desta deterioração.

No entanto, até agora não tinham sido realizados amplas pesquisas com imagens cerebrais para observar essas mudanças na estrutura do cérebro e seu volume.

Segundo o estudo, que levou três anos para ser concluído, o médico Alan Gow e sua equipe pediram aos participantes que levassem um registro de suas atividades diárias.

No final desse período, quando completaram 73 anos, os participantes passaram por scanners de ressonância magnética para analisar as mudanças no cérebro.

Depois de levar em conta fatores como idade, sexo, saúde e inteligência, os resultados mostraram que a atividade física estava "significativamente associada" com a menor atrofia do tecido cerebral.

"As pessoas de 70 anos que fizeram mais exercício físico, incluindo uma caminhada, várias vezes por semana, apresentaram uma retração menor do cérebro e outros sinais de envelhecimento da massa cerebral do que aqueles que eram menos ativos fisicamente", exlicou Grow.

"Além disso, nosso estudo não mostrou nenhum benefício real no tamanho do cérebro com a participação em atividades mental e socialmente estimulantes, como observado por imagens em scanners de ressonância magnética durante os três anos de estudo", acrescentou.

Segundo o pesquisador, a atividade física foi também associada a um aumento no volume de massa cinzenta.

Esta é a parte do cérebro onde se originam as emoções e percepções. Em estudos anteriores, essa região está relacionada à melhora da memória de curto prazo.

Quando os cientistas analisaram o volume de substância branca, responsáveis pela transmissão de mensagens no cérebro, descobriram que as pessoas fisicamente ativas tinham menos lesões nessa área do que as que se exercitavam menos.

CAUSAS

Embora estudos anteriores já tenham mostrado os benefícios do exercício para prevenir ou retardar a demência, ainda não está claro os motivos por que isso acontece.

Os pesquisadores acreditam que as vantagens da atividade esportiva podem estar ligadas ao aumento do fluxo de oxigênio no sangue e de nutrientes para o cérebro.

Mas uma outra teoria é que, como o cérebro das pessoas encolhe com a idade, elas tendem a se exercitar menos e, assim, acabam tendo menos benefícios.

Seja qual for a explicação, dizem os especialistas, os resultados servem para comprovar que o exercício físico é benéficio para a saúde.

"Este estudo relaciona a atividade física à redução dos sinais de envelhecimento do cérebro, sugerindo que o esporte é uma forma de proteger a nossa saúde cognitiva", disse Simon Ridley, da entidade Alzheimer's Research no Reino Unido.

"Embora não possamos dizer que a atividade física é o fator causal deste estudo, nós sabemos que o exercício na meia idade pode reduzir o risco de demência futura", acrescentou.

"Vai ser importante acompanhar tais voluntários para ver se essas características estruturais estão associadas com maior declínio cognitivo nos próximos anos", disse.

"Também será necessário mais pesquisas para saber detalhadamente sobre por que a atividade física está tendo esse efeito benéfico", afirmou.

Já o professor James Goodwin, da organização Age UK, que financiou a pesquisa, disse: "Este estudo destaca novamente que nunca é tarde para se beneficiar dos exercícios, seja uma simples caminhada para fazer compras ou um passeio no jardim", concluiu.

"É crucial que, se o fizermos, permanecer ativo à medida que envelhecem", acrescenta. 


Fonte: http://migre.me/bqmIP

Por: Sávio Bastos

domingo, 28 de outubro de 2012

Sofre de dor nas costas? Descubra o que está fazendo de errado

 
Existem diversas recomendações para manter a coluna saudável e longe de problemas de postura, porém com a correria do dia a dia, muitas vezes parece impossível seguir tais recomendações.

Vários fatores contribuem para a degeneração da coluna, como hábitos de vida, genética, obesidade, atividade física sem orientação, sobrecarga da coluna no passado, entre outros. Mas a verdade é que, muitas vezes, os descuidos do dia a dia podem causar diversos problemas. Por isso é preciso ficar atento.

Algumas atividades físicas sob orientação contribuem para fortalecer a musculatura da coluna e são ótimas opções para diminuir a dor e promover uma postura adequada.  

Entretanto, é imprescindível que você observe a sua postura no decorrer do dia e tome alguns cuidados simples, que diminuem a dor e possíveis problemas. 

Pequenas tarefas como varrer a casa, cozinhar, levantar-se da cama ou usar o computador, se forem feitas inadequadamente podem prejudicar bastante a sua coluna, promovendo até problemas como escolioses, lordoses, corcunda e a hérnia de disco.

Por isso, com as orientações de Leonardo Stahelin Eicke, fisioterapeuta membro da Associação Brasileira de Reabilitação de Coluna, temos algumas dicas posturais que, com certeza, poderão te ajudar.  

Confira!


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Ao cozinhar ou preparar alimentos:

Errado: curvar a coluna para frente sem contração dos músculos abdominais. Esta postura sobrecarrega tanto a região lombar quanto a cervical.

Certo: Manter a coluna ereta, os músculos abdominais contraídos e um dos pés apoiado em um pequeno banco.

Ao varrer a casa:

Errado: Curvar a coluna para frente, utilizando uma vassoura com cabo curto.

Certo: Observe se a altura do cabo da vassoura corresponde com a sua altura e procure não se inclinar para frente, mantendo a postura mais ereta possível e com os pés afastados. Realize os movimentos de varrer com o corpo todo, evitando os movimentos rotacionais da coluna.




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Postura correta ao deitar-se ou levantar-se: 

Errado: Deitar e levantar sem o apoio dos braços e levantar com o impulso apenas das pernas. Isso força a musculatura abdominal e a lombar.

Certo: O primeiro passo é sentar-se na borda da cama; Evite deitar-se de uma vez e de costas. Depois de sentar na borda da cama, deite-se de lado com a ajuda do cotovelo e da mão. Neste momento faça com que as pernas venham também para cama.



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Postura correta no escritório:

Coloque o monitor um pouco abaixo da linha dos olhos de modo que a cabeça não rode para cima, já que é a parte de baixo das lentes que contém o grau ideal para leitura. Mantenha os calcanhares no chão ou numa rampa de apoio; Os joelhos devem fazer um ângulo de 90 graus ou ficarem pouco mais altos que o quadril; Mantenha sempre os cotovelos apoiados. Caso sua cadeira não tenha braços reguláveis, mantenha-os na mesa; Os punhos também devem ser apoiados sobre uma peça confortável; O encosto da cadeira deve ficar sempre em contato com a região lombar; Mantenha o quadril bem próximo ao encosto da cadeira; Mantenha o olhar sempre no horizonte. Caso você utilize lentes progressivas, o monitor deve ficar um pouco mais abaixo para evitar a extensão do pescoço (rosto olhando para cima).

Para aqueles que além de precisar corrigir a postura, necessitem de tratamentos mais específicos, hoje em dia é possível sem a necessidade de cirurgia. No Brasil há dez anos o tratamento revolucionário que está sendo aplicado nos pacientes, é a Reconstrução Músculo Articular da Coluna Vertebral, conhecido popularmente como RMA. É um tratamento não cirúrgico, que promove o fortalecimento da coluna, através de cinco etapas, a fisioterapia manual; mesa de flexão/descompressão, mesa de tração eletrônica; estabilização vertebral e pilates ou musculação. Ideal para lombalgia; cervicalgia; dor ciática; protrusão discal; espôndilose, artrose entre outras.



Por: Sávio Bastos



sábado, 27 de outubro de 2012

Nova terapia é esperança para quem sofre com problemas em articulações


Terapia usa aplicação de sangue rico em plaquetas do próprio paciente.
Sucesso na regeneração de cartilagens e tendões pode chegar a 70%.



O ortopedista Renato Bevilacqua
de Castro que faz terapia com PRP,
em Campinas
O prêmio Nobel de medicina deste ano foi para uma dupla de cientistas que está revolucionando um tratamento que hoje é a esperança para milhões de pessoas, as células-tronco. Nesse trabalho o britânico John Gurdon e o japonês Shunya Yamanaka descobriram como reprogramar uma célula madura para uma célula que pode se transformar em quase qualquer tipo de tecido humano. O prêmio se justifica porque esse novo método conseguiu eliminar o risco da célula se reproduzir sem controle e se transformar em câncer, hoje o maior temor nas terapias com células-tronco. O problema é que esse tipo de tratamento ainda está muito longe dos consultórios médicos.

PRP
Um tipo de terapia mais acessível na medicina regenerativa ortopédica é o PRP - Plasma Rico em Plaquetas, onde o risco de tumores e rejeição não existe porque a matéria-prima para o tratamento é o próprio sangue do paciente. "O risco de câncer nesse tipo de terapia é zero", explica o médico ortopedista Renato Bevilacqua de Castro, "porque são células do próprio indivíduo que não são reprogramadas e por isso não correm o risco da reprodução fugir do controle e nem de ocorrer rejeição", conclui.

No PRP, cerca de 50 mililitros de sangue são retirados do paciente, tratados em laboratório para elevar em até 10 vezes a quantidade de plaquetas e novamente introduzido no mesmo paciente no local onde está o problema. De acordo com o ortopedista Renato Bevilacqua, a terapia com PRP pode regenerar tendões, ajudar como auxiliar nos tratamentos de artrose e lesão da cartilagem com grande sucesso. Essa regeneração ocorre porque as plaquetas têm a capacidade de ativar outras células a se reproduzirem, recuperando o local afetado.

A regeneração de tendões, principalmente do ombro é outro tratamento cada vez mais comum. Doutor Renato explica que alguns pacientes com joelho já com lesões graves da cartilagem articular evitaram a cirurgia para a colocação de próteses, pelo menos temporariamente, após uma aplicação de PRP. O paciente começa a se sentir melhor de dois a três dias após a aplicação, e os sintomas podem reduzir no prazo de até um ano.

Este foi o caso da enfermeira Thais Klems, de 54 anos, com um problema de artrose num dos joelhos ela conta que tinha dores “24 horas por dia, vivia à base de remédios". O incômodo era tanto que já afetava as tarefas do dia-a-dia por não conseguir mais andar. Ela já se preparava para uma cirurgia para implante de prótese no joelho quando resolveu fazer a PRP. A aplicação foi em julho deste ano, um mês depois Thais diz que as dores diminuíram pela metade e já voltou a andar. Ela continua fazendo hidroterapia e como faz apenas três meses da aplicação espera uma melhora ainda maior da artrose. “Nem penso mais em cirurgia”, diz.

A terapia com plasma rico em plaquetas também tem ajudado muitos atletas lesionados no  retorno à velha forma. O tenista espanhol Rafael Nadal foi um dos que passaram recentemente por esse tipo de tratamento com bons resultados. Atletas da NBA, a liga de basquete norte-americana, são pacientes frequentes pelo esforço que exercem sobre os joelhos. Doutor Renato, em nome da ética não dá nomes, mas diz que "no futebol brasileiro temos vários jogadores que se submeteram à terapia com PRP para estímulo de célula-tronco para tratar lesões”.

O empresário Mauricio Duarte, de 52 anos, torceu o tornozelo durante uma partida de tênis. A ressonância magnética mostrou que o Tendão de Aquiles lesionado estava por “um fio” como ele mesmo explica. Se operasse ficaria com a perna toda imobilizada por dois meses, optou pela terapia com PRP. O médico deu prazo de seis meses para eu voltar a jogar tênis, em quatro meses estava de volta. Uma nova ressonância mostrou que o tendão se regenerou totalmente.

O índice de sucesso dessa terapia, tanto entre atletas como em pacientes comuns, pode chegar a 70%, vai depender muito do grau de degradação da cartilagem ou tendões, explica o ortopedista Renato Bevilacqua.

Por ainda ser uma novidade para a medicina, são poucos centros no Brasil que têm capacidade realizar a terapia com PRP, além disso ainda há a barreira financeira. O SUS não oferece nenhuma opção com terapias de célula-tronco para tratamento ortopédico e os planos de saúde ainda se recusam a cobrir esse tipo de despesa, que pode chegar a R$ 5 mil reais por aplicação.

Simpósio
Nesta semana Campinas vai ser o centro mundial em terapias com células-tronco. O Simpósio Internacional de Ortopedia Regenerativa acontece na sexta-feira (27)  e sábado (28). O simpósio vai contar com especialistas do Brasil e exterior que irão discutir os principais avanços nesse campo da medicina. Um dos objetivos desse encontro é repassar e ensinar técnicas da ortopedia regenerativa a médicos e fisioterapeutas, já que terapias com células-tronco não fazem parte do currículo das faculdades de medicina e fisioterapia.

Serviço:
Simpósio Internacional de Ortopedia
Dias: 26 e 27 de outubro de 2012
Local: Vitória Régia Concept Campinas
Av. José de Souza Campoas, (Norte-Sul), 425
Campinas (SP)



Fonte: http://migre.me/bnwdR

Por: Sávio Bastos 

Perder 2 horas de sono por noite pode apagar algumas memórias para sempre

O cérebro armazena nossas lembranças enquanto dormimos e precisa de uma quantidade de sono suficiente para isso

 

 


Se você não dormir direito hoje à noite, há uma grande chance de que você não lembre de ter lido essa notícia na manhã seguinte. Cientistas descobriram que perder duas horas de sono pode impedir o cérebro de revisar e armazenar lembranças. Isso quer dizer que dormir 6 horas em vez de 8 pode fazer você esquecer de momentos da sua vida para sempre.

A conclusão foi obtida após pesquisadores da Universidade da Pensilvânia analisarem ratos que aprendiam tarefas básicas durante o dia. Aqueles que dormiam o período necessário, lembravam o que fizeram no dia anterior e repetiam o processo. Já aqueles que dormiam 20% a menos ficavam confusos. A partir disso, cientistas concluiram que o cérebro deles era impedido de repetir acontecimentos do dia e, por consequência, de decidir quais informações eram importantes e guardá-las para a posteridade.

Para os cientistas, isso significa muito para a vida agitada da atualidade. A dica deles é tratar o sono como uma prioridade e não como luxo - é melhor responder e-mails e lidar com assuntos do trabalho e da escola só depois de uma boa noite de sono. E eles já avisam: tentar repor o sono perdido outra noite não irá trazer suas lembranças de volta.



Por: Sávio Bastos

Fazer atividade física na rua deixa você mais exposto a poluição?





Depende, é claro, de onde resolvemos suar a camisa. De fato, quem pedala ou corre em uma avenida dominada por carros vai mandar para dentro do peito uma quantidade maior de compostos tóxicos do que se estivesse apenas andando por ali. “Durante o exercício, aumenta o volume de ar inspirado e a velocidade com que ele entra nos pulmões. Isso facilita a deposição de poluentes ali”, explica o pneumologista Ubiratan de Paula Santos, do Instituto do Coração de São Paulo. “O problema é que gases e outras substâncias originárias da queima de combustível podem agredir as vias respiratórias e até cair na circulação”, avisa. 

Seria um motivo para abandonar a atividade física a céu aberto? Não, senhor(a), a menos que você sofra de asma ou bronquite severa. “Ainda desconhecemos se essa exposição representa, entre pessoas saudáveis, um maior risco de doenças no futuro”, diz Roberto Stirbulov, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Na dúvida, convém se manter longe de ambientes entupidos de automóveis ou indústrias — só não vá usar a poluição como desculpa para deixar de se exercitar. 


Para fugir da poluição

Nas vias públicas
Evite as avenidas com alto tráfego de veículos ou zonas industriais. Priorize, sempre que possível, as ruas internas dos bairros.

Nos parques
As árvores formam uma barreira contra os poluentes mais sólidos, mas não dão conta do recado se o parque estiver cercado por vias congestionadas. Prefira os espaços mais distantes dos escapamentos.

Nas academias
Em tese, elas se encontram mais vedadas contra a poluição. A maioria dispõe de ar condicionado, mas sua manutenção precisa estar realmente em dia. 



Fonte: http://migre.me/bniF5

Por: Sávio Bastos



quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Pesquisa da USP reverte morte de células cerebrais



A ação da molécula bradicinina – liberada pelo organismo humano em resposta a vários tipos de estímulos - vem sendo estudada por pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) para descobrir novas abordagens para o mal de Parkinson e o derrame cerebral isquêmico. O uso da substância foi capaz de reverter a morte de células cerebrais.

O grupo de cientistas coordenado pelo professor Alexander Henning Ulrich, em colaboração com pesquisadores de Porto Rico, investiga a aplicação da bradicinina no resgate de células da morte programada, chamada de apoptose.

A lesão primária e a morte celular são processos ocasionados pela ausência de oxigênio nas células. Isso ocorre com o entupimento – tecnicamente chamado de oclusão - de um vaso do cérebro, o que gera o derrame cerebral isquêmico.

O cientista explica que, em casos como esses, a bradicinina é capaz de reverter a morte dos neurônios induzida pela excessiva ativação de receptores de glutamato. A bradicinina está presente no plasma e é produzida por quase todos os tecidos do organismo humano, tendo ação anti-hipertensiva e controladora da pressão sanguínea.

De acordo com Henning, quando os neurônios morrem, liberam substâncias tóxicas que atingem as células vizinhas. Devido às grandes concentrações dessas substâncias, como por exemplo de glutamato, os receptores das células vizinhas são ativados de uma forma não controlada. “Como resultado, concentrações muito altas de cálcio são atingidas dentro da célula. Esse cálcio induz um programa de morte celular nessas células e, assim, aumenta o foco da lesão”.

Segundo Henning, o estudo está em fase experimental e os resultados foram obtidos por meio de ensaios in vitro. “Ainda não fizemos testes em animais. Esse será o próximo passo, para mostrar se a bradicinina tem efeito protetor também no animal”.

O desafio dos pesquisadores, agora, é verificar se substâncias com ações parecidas à bradicinina também protegem neurônios contra a apoptose. Isso é importante porque os efeitos colaterais dos subprodutos resultantes da degradação da bradicinina são muito danosos, indo desde a indução de inflamação até anulação do próprio efeito promovido pela substância.  

Além dos estudos feitos em modelos in vitro para o tratamento da isquemia, a bradicinina foi testada em animais contra o mal de Parkinson. O trabalho tem sido feito em parceira com a professora Telma Tiemi Schwindt, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Após sete dias da indução do Parkinson em ratos, por meio de injeção de uma substância tóxica que mata os neurônios e mimetiza a doença, os cientistas injetaram a bradicinina. Segundo Ulrich, depois de 56 dias, houve reversão dos problemas motores na maioria dos roedores.

Todas as descobertas promovidas pela pesquisa podem, no futuro, levar ao desenvolvimento de novos medicamentos para o tratamento do derrame cerebral e de doenças neurodegenerativas. No entanto, não há previsão de quando isso pode ocorrer. “Vamos primeiro conhecer melhor a função da bradicinina em doenças neurodegenerativas, como o Parkinson”, disse o pesquisador.



Por: Sávio Bastos 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Artigo: O Tratamento da Flexibilidade pela Fisioterapia







RESUMO

O presente artigo objetiva realizar uma revisão de literatura sobre a qualidade física e a flexibilidade no contexto do tratamento pela fisioterapia. São abordados tópicos sobre a origem da flexibilidade, como surgiu e como vem se apresentando desde tempos muito remotos até os dias atuais. Aborda-se o trabalho de flexibilidade com faixas etárias especiais, como as crianças e os idosos. São descritos os componentes que influenciam o desempenho de movimentos que exigem grande amplitude articular e elasticidade muscular, salientando as alterações decorrentes de processos patológicos que possam os afetar. Discute-se, ainda, a relação dos mecanismos de propriocepção envolvidos para que se tenha flexibilidade ótima. Diante disso, até que ponto haverá influência desses mecanismos acerca da lesão e de como o corpo humano reage a ela? É exposta a ligação dos componentes articulares e capsulares, bem como dos componentes conjuntivos com o trabalho de flexibilidade. Finalmente, são apresentados os diversos tipos de flexibilidade e os métodos adequados para a manutenção e/ou aprimoramento dessa qualidade física, que devem ser usados durante a segunda fase do tratamento fisioterapêutico.

Palavras-chave: Flexibilidade. Alongamento. Fisioterapia.




1 - INTRODUÇÃO

Para uma melhor compreensão do objetivo e dos efeitos das modalidades fisioterapêuticas, o fisioterapeuta deve obter um conhecimento básico sobre a resposta do organismo à lesão. Quando os recursos terapêuticos são aplicados aos tecidos vivos, estamos aplicando, sobre as células, uma tensão que influenciará suas funções metabólicas. (VASCONCELOS,2005)

Um processo patológico que perturbe o funcionamento normal de uma estrutura mioarticular específica, geralmente irá promover uma série de eventos que afetarão todas as partes anatômicas da articulação e suas estruturas circunjacentes, afetando, sobremaneira, na flexibilidade.

A diminuição do movimento articular em toda sua amplitude ou até mesmo a sua imobilização, externamente impostas por um aparelho de gesso, ou auto-imposta como uma reação à dor e à inflamação são particularmente prejudiciais para a estrutura e funcionamento das articulações. Uma articulação lesionada ou submetida a um processo inflamatório assumirá uma posição frouxamente travada, em que é minimizada a pressão no interior do espaço articular, denominada de loose-packed. Essa posição pode ser rotulada como a posição de conforto, porque nela a dor fica diminuída, e praticamente todas as articulações apresentam uma posição de pressão mínima definida.
Se um complexo mioarticular for imobilizado ou sofrer um processo inflamatório por algumas semanas na posição de conforto ocorrerão encurtamentos nos tecidos moles circunjacentes, em conseqüência será impossível uma amplitude normal de movimentos articulares. (BARR e BARBE, 2002; CYRIAX e CYRIAX, 2001; KALTENBORN, 2001; WHITINING e ZERNICKE, 2001)

Os efeitos da imobilização não estão confinados aos tecidos moles, mas podem também afetar as superfícies articulares e osso subjacente. As alterações bioquímicas e morfológicas que foram atribuídas aos efeitos da imobilização são: proliferação do tecido conjuntivo fibroadiposo no interior do espaço articular, aderências entre as pregas sinoviais, atrofia da cartilagem, osteoporose regional, enfraquecimento dos ligamentos em seus locais de inserção, devido à reabsorção osteoclástica de osso e das fibras de Sharpey, e uma redução no conteúdo de proteoglicanos e água da cartilagem articular. (LEDERMAN, 2001; NORKIN e LEVANGIE, 2001)

Em decorrência dessas alterações, a amplitude de movimento disponível e, consequentemente a flexibilidade, ficam reduzidas, bem como o tempo entre a aplicação de carga e a falha da estrutura diminui, e a capacidade de absorção de energia do complexo ósseo-ligamentar também decresce. A tumefação e/ou imobilização de uma articulação também inibe e enfraquece os músculos próximos. Portanto, a articulação é incapaz de funcionar normalmente, estando sob risco elevado de sofrer outras lesões. (MAXEY e MAGNUSSON, 2003)

Segundo Starkey (2001), Becker (1990), Baker (1997) e Carley e Wainapel (1985), as modalidades fisioterapêuticas podem auxiliar na cura de uma lesão, respeitando o ritmo do organismo. Quando tratamos uma lesão com energia térmica, elétrica ou mecânica, tentamos fornecer melhores condições ambientais para que ocorra o processo de cura. Dessa forma, não apenas aceleramos a cura de uma lesão, mas impedimos que esse processo seja prejudicado, regulando o ambiente e as funções celulares.

O presente artigo objetiva realizar uma revisão de literatura sobre a qualidade física flexibilidade no contexto do tratamento pela fisioterapia.




2 - ASPECTOS GERAIS DA FLEXIBILIDADE

A Flexibilidade consiste em uma qualidade física, a partir da qual um indivíduo é capaz de realizar um movimento em uma articulação ou série de articulações em toda a amplitude articular, dentro dos limites anatômicos e sem promoção de lesões para o corpo. Ser flexível em uma área ou articulação particular não implica necessariamente ser flexível em outra. Diferentemente das outras qualidades físicas, a flexibilidade visa chegar a um nível perfeito para o bom desempenho de um determinado movimento, e não máximo. Níveis altos de flexibilidade podem desproteger as articulações, levando a lesões como luxações e frouxidões ligamentares. A Síndrome de Hiperlassidão ocorre em pessoas que apresentam um grau acima do normal de flexibilidade e que merece também atenção do fisioterapeuta. (SIMPSON, 2006; DANTAS, 2005; ESNAULT e VIEL, 2002; RUSSEK, 1999; RUSSEK, 2000)

Alter (2001) sugere três tipos básicos de flexibilidade, os quais são agrupados de acordo com os vários tipos de atividades motoras envolvidas:
a) a flexibilidade dinâmica a qual é a habilidade de executar movimentos dinâmicos dos músculos para trazer um membro através de sua amplitude máxima de movimento articular, e que é testada através do movimento realizado pelo próprio indivíduo;
b) a flexibilidade passiva é maior que a dinâmica e corresponde à habilidade de assumir posições e mantê-las, usando uma força externa ao seu corpo, como o peso do próprio corpo, a sustentação de seus membros ou alguns outros instrumentos (tais como uma cadeira ou uma barra), a flexibilidade passiva é testada quando outra pessoa realiza o movimento sobre a amplitude articular do paciente;
c) a flexibilidade anatômica que é maior que a passiva, representa a amplitude articular máxima, proporcionada pelas características morfológicas das superfícies articulares, sendo testada, apenas, quando não há presença de nenhum tecido entre as articulações.

A flexibilidade ativa está mais relacionada ao nível da realização dos movimentos ativos do cotidiano do que a flexibilidade passiva. A flexibilidade ativa é mais difícil de ser desenvolvida que a flexibilidade passiva, pois não somente a flexibilidade ativa requer a flexibilidade passiva para assumir uma posição, como também requer força muscular para segurar e manter essa posição. Dessa forma percebemos a importância da flexibilidade tanto ativa quanto passiva no aperfeiçoamento motor, na diminuição do risco de lesões e aumento da eficiência mecânica dentro do programa de reabilitação cinético funcional da fisioterapia.

A resistência oferecida à flexibilidade é dependente de seus tecidos conjuntivos, por exemplo, quando o músculo é alongado, os tecidos conectivos circunvizinhos tornam-se mais rígidos. Também a inatividade de determinados músculos ou articulações podem causar mudanças químicas no tecido conjuntivo que restringem a flexibilidade.

Encontrado em torno dos músculos e suas fibras, o tecido conjuntivo é composto de uma substância básica e de dois tipos de fibras baseadas em proteína, fibras colágenas e fibras elásticas. O tecido conjuntivo colágeno consiste em sua maior parte de colágeno e fornece a força tensiva. O tecido conjuntivo elástico consiste, em sua maior parte, de elastina e fornece elasticidade. A substância básica é chamada de Substância Fundamental Amorfa e age como um lubrificante, permitindo que as fibras deslizem facilmente entre si, é como um adesivo, que prende as fibras do tecido em pacotes. Quanto mais tecido conjuntivo elástico em torno de uma articulação, maior o grau de movimento da mesma. Os tecidos conjuntivos são compostos de tendões, ligamentos e das bainhas fasciais que envolvem os músculos em grupos separados. Estas bainhas fasciais ou fáscias são nomeadas de acordo com sua localização nos músculos. (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004):
a) endomísio - a bainha fascial mais interna que envelopa as fibras individualmente;
b) perimísio - a bainha fascial que liga grupos de fibras do músculo em fascículos individuais;
c) epimísio - a bainha fascial mais externa que liga feixes inteiros.

De acordo com o Alter (2001), cada tipo de tecido proporciona um determinado papel na rigidez articular: A cápsula articular e os ligamentos são os fatores mais importantes, respondendo por 47% da rigidez, seguidos pela fáscia muscular (41%), tendões (10%) e pele (2%). Assim, os componentes principais da flexibilidade são: a mobilidade, que pertence às articulações e aos movimentos artrocinemáticos; a maleabilidade, sendo característica do tecido epitelial; a elasticidade, que consiste na capacidade de um tecido aderir a certa deformação sendo esta transitória; a plasticidade, que é a resistência exercida por um tecido a uma deformação com resultados permanentes na sua estrutura.

Sempre que for aplicada uma carga a uma estrutura elástica, haverá um pico de carga no qual a deformação do tecido será máxima, devido a um pico na transformação da energia potencial elástica em energia cinética e, ao ser liberada a carga, este tecido voltará ao estado inicial, mudando os valores da deformação. Nesse caso, uma carga aplicada durante um tempo deformará a estrutura até um ponto no qual a mesma carga não causará mais deformação e o tecido não mais retornará ao estado inicial. (GEOFFROY, 2001)

Atuando juntos no corpo humano, através da substância amorfa comum, os componentes elásticos (Fibras elásticas) e plásticos (Fibras colágenas) do tecido conjuntivo darão origem a uma propriedade resultante, a viscoelasticidade. Essa propriedade confere ao tecido conjuntivo a capacidade de ceder a um estímulo, deformando-se, transitoriamente, até certo ponto, chamado ponto de cedência. A partir daí, qualquer estímulo encontrará resistência para atuar e, quando deformado, o tecido não mais voltará às condições iniciais. Logo, haverá um limite para a deformação não-reversível, o chamado ponto de falha final, a partir do qual haverá ruptura do tecido.

O desuso pode contribuir para um decréscimo da amplitude de movimento, como também patologias associadas ao sistema ósteo-muscular, promovendo um declínio funcional com a participação de vários sistemas, acarretando perdas sensorias, de controle motor, entre outras. Quando o tecido conjuntivo é sobrecarregado, imobilizado ou pouco usado, torna-se mais rígido e desgastado, o que limita a flexibilidade.
A elastina começa a degradar-se e perde parte de sua elasticidade, não sendo renovada, e o colágeno aumenta sua rigidez e densidade, principalmente se os seus depósitos não forem controlados de maneira a haver uma disposição benéfica na estrutura tecidual em ocasião da sua produção, levando a formação de pontes cruzadas e a conseqüente perda de flexibilidade. As pontes cruzadas de colágeno existem em cicatrizes e quelóides e são formadas em qualquer ocasião na qual o tecido estressado não é tratado corretamente. (LEDERMAN, 2001).



3 - A FISIOTERAPIA E A FLEXIBILIDADE

Os métodos de tratamento fisioterapêutico para a flexibilidade são determinados pela intensidade dos mesmos. A intensidade utilizada no trabalho de qualquer qualidade física promoverá diferentes níveis de exigência sobre os parâmetros corporais, com conseqüentes efeitos diferenciados, como observado no quadro a seguir.


Parâmetro
Nível de Exigência

Submáximo
Máximo
Sistema de Transporte de Energia
Treinamento Aeróbico
Treinamento Anaeróbico
Contraposição à Resistência ao Movimento
Treinamento da Resistência Muscular Localizada
Treinamento da Força Muscular
Rapidez de Execução de Gestos Desportivos
Coordenação Motora
Velocidade de Movimento
Amplitude de Movimento
Utilização plena do arco de movimento existente
Ampliação do arco máximo alcançado
Quadro 1 - Influência da Intensidade de Treinamento Sobre o Tipo de Efeito Obtido
Fonte: Adaptado de DANTAS (2005).


Para casos de lesão recente e de processos inflamatórios em que intensidades altas de trabalhos sobre a flexibilidade possam promover o surgimento de recidivas, uma opção terapêutica consiste na Pompage.

Originalmente, a Pompage decorre das abordagens estruturais da osteopatia para normalizar as tensões fasciais, as restrições artrocinemáticas e as tensões sobre a musculatura tônica postural ou da estática. Bienfait (2003) deve-se o crédito pela divulgação dessa técnica para utilização em fisioterapia, sistematizando e classificando as diferentes manobras.

Segundo Bienfait (2003), a pompage consiste em uma manobra de "bombeamento", um puxar-relaxar sucessivos de uma estrutura corporal, que atua sobre as estruturas fasciais. Os principais objetivos da pompage são relaxamento muscular, favorecimento da circulação, regeneração articular, analgesia, aumento da amplitude articular. A manobra da Pompage  apresenta-se dividida em três etapas: Tensionamento da estrutura corporal; Manutenção do tensionamento; e Retorno Lento à posição inicial. Ao final das três etapas, realizou-se uma pompage. Para o tratamento efetivo das fáscias corporais, essa manobra deve ser repetida de 5 a 10 vezes.

A pompage é uma técnica estrutural bastante leve e suave, o que no início a torna uma técnica muito difícil de executá-la convenientemente, principalmente no caso da etapa do tensionamento, que deve ser feito até o limite da elasticidade fisiológica da estrutura miofascial, de forma lenta e suave, para não promover a reação do reflexo miotático direto.

A manobra da Pompage  apresenta-se dividida em três tipos: Muscular, Circulatória e Articular.

A pompage muscular pode ser utilizada para tratamento de contraturas e retrações, com diminuição do comprimento muscular com tensionamento dos elementos conjuntivos musculares, principalmente nas estruturas miofasciais posturais ou da estática. Este tipo de pompage é realizado no sentido das fibras musculares, promovendo relaxamento aumentando o comprimento total das fibras musculares (BIENFAIT, 2005). Quando se deseja trabalhar promovendo uma reeducação postural, este será o tipo mais utilizado.

O tecido conjuntivo representa um dos mais importantes do corpo humano, com mais de 60% do conjunto dos tecidos corporais, no qual as fáscias fazem parte. No interior do tecido conjuntivo, segundo GUIRRO e GUIRRO (2002), ocorre a circulação de água livre, não canalizada, responsável pelas trocas vitais de aporte de elementos nutritivos e retirada de toxinas. Decorrente de uma retração muscular, em um processo de cicatrização ou em um edema, ocorre um aumento da tensão fascial e conseqüente estase destes líquidos e uma diminuição da circulação de água livre (lacunar). A pompage circulatória deve ser utilizada para liberar as tensões fasciais e promover a circulação lacunar.

A pompage articular pode ser utilizada para promover um processo de decoaptação suave das superfícies articulares, descomprimindo a articulação, provocando o fluxo do líquido sinovial, melhorando os movimentos artrocinemáticos e melhorando a nutrição do tecido cartilaginoso. Esta pompage não recupera o desgaste articular da artrose, entretanto pode retardar a evolução da degeneração.

Para o trabalho sobre a flexibilidade propriamente dito, dentro do programa de tratamento da fisioterapia, devemos utilizar métodos específicos para os objetivos desejados. Se o objetivo principal for manter os níveis de flexibilidade, o método mais indicado é o alongamento, o qual representa uma metodologia de trabalho sub-máxima que visa a manutenção dos níveis de flexibilidade utilizando uma amplitude articular permitida; se o objetivo terapêutico for um aumento da flexibilidade através de amplitudes de movimentos articulares superiores aos iniciais, a amplitude articular e a elasticidade muscular devem ser exigidas até os seus limites máximos, trabalho este desenvolvido através do flexionamento. (DANTAS, 2005)

Há três tipos principais de trabalho para manutenção da amplitude de movimento através do alongamento. O primeiro é o estiramento, que pode ser analítico quando se isola a estrutura a se alongar e global através de posturas e ativação de cadeias musculares. Para executá-lo, é preciso que se saiba que para um treinamento submáximo, o tempo de execução será de até oito segundos com três repetições. O estiramento é ainda subdividido em passivo, quando executado pelo fisioterapeuta, ou dinâmico, quando o próprio paciente vai executar o procedimento. O segundo tipo consiste na suspensão, método muito utilizado para as escolioses, no qual a força atuante é a gravidade. O último é a soltura, na qual são executados movimentos rítmicos que chegarão a agir no fuso neuromuscular, promovendo o relaxamento da musculatura. (DANTAS, 2005; MACCADANZA, 2004; BIVIC, 2001)

No flexionamento, ao se chegar ao máximo de estiramento, haverá microrrupturas do colágeno, gerando uma microinflamação local com a presença de fibroblastos os quais produzirão maior quantidade da proteína para repor as unidades perdidas. Com o colágeno reposto, haverá aumento permanente do comprimento da fibra. Além disso, o trabalho de reinflamação tecidual atuará também sobre o aumento da flexibilidade da titina, uma proteína muscular que adquire propriedades plásticas à medida que se afasta do sarcômero e se direciona para o tendão do músculo. (ACHOUR JÚNIOR, 2004; EKMAN, 2004; LEDERMAN, 2001).

O flexionamento apresenta três formas de trabalho: o dinâmico, o estático e o facilitado. O flexionamento dinâmico consiste em movimentos balísticos para obter aumento de amplitude de movimento. O flexionamento estático é semelhante ao alongamento por estiramento. Inicialmente, é utilizado um tempo de manutenção submáximo de oito segundos, evitando assim a ativação dos fusos neuromusculares, seguido de estiramentos máximos de quinze segundos. O flexionamento facilitado utiliza, através da contração muscular, dois processos neurofisiológicos, a inibição recíproca e inibição autógena. Dois métodos de flexionamento facilitado podem ser aplicados para aumento da flexibilidade. O método Contrair-Relaxar (CR) ou Relaxamento Pós- Isométrico é baseado na inibição autógena por meio da excitação dos Órgãos Tendinosos de Golgi (OTG). O procedimento consiste em um máximo estiramento muscular seguido de contração isométrica por seis segundos, e subseqüente relaxamento de seis segundos. Os parâmentros são repetidos e se obtém um novo estiramento, alcançando três amplitudes distintas ao final do tratamento. O método Contrair- Relaxar Antagonista Contrair (CRAC) baseia-se tanto na inibição autógena quanto na inibição recíproca mediante contração do músculo antagonista o qual se deseja trabalhar. Os procedimentos irão diferir do CR pela contração isométrica do músculo antagonista após o relaxamento do músculo no qual se está trabalhando a flexibilidade. (DANTAS, 2005; BANDY e SANDERS, 2003; GEOFFROY, 2001).

Uma nova abordagem de flexionamento facilitado, proposta por nós, é o flexionamento facilitado eletroestimulado, baseado no aumento da flexibilidade por meio do uso da eletroestimulção neuromuscular. Nesse caso, o princípio de tratamento é o mesmo do método facilitado, contudo a contração muscular produzida é decorrente da ação voluntária do indivíduo e da ação da eletroestimulação sobre a musculatura. Alguns estudos mostram que o comportamento do tecido conjuntivo e dos componentes neuromusculares respondem bem a essa forma de trabalho comparado aos métodos clássicos de treinamento da flexibilidade. (GARCIA, 2001; GEOFFRAY, 2001; MACHADO e ARCE, 2001; LUGO,1994)

Tratando-se de flexibilidade e correlacionando estreitamente com o aumento da amplitude de movimento, alguns autores apresentam que a melhor forma terapêutica é alcançada através do tratamento por flexionamento estático e facilitado. (BURNS e WELLS, 2006; KOFOTOLIS e KELLIS, 2006; MACATEE, 2002).



4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS


A aplicação de energia mecânica, promovida pelas diversas metodologias de trabalho sobre a flexibilidade no organismo, para ser considerada terapêutica deve fornecer uma tensão de intensidade e duração adequadas, que conduza o organismo ao processo de reparo da lesão. A eficácia de um tratamento em particular depende da escolha e da aplicação adequada da modalidade fisioterapêutica, a qual deve ser capaz de produzir as alterações fisiológicas desejadas na profundidade do tecido almejado.





Por: Sávio Bastos